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domingo, 9 de novembro de 2014

Justiça aceita denúncia contra mulher e amante de chefe do tráfico do Complexo da Penha

Fernanda (de verde) e Fabiana: convivência forçada na cela Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo
A juíza Raphaela de Almeida Silva, da 20ª Vara Criminal da capital, aceitou a denúncia do Ministério Público contra Fabiana Muniz Toledo Procópio e Fernanda de Paiva Silva pelo crime de tráfico de drogas. As duas são mulher e amante, respectivamente, do traficante Bruno Eduardo da Silva Procópio, o Piná — ex-chefe do tráfico do Complexo da Penha preso em abril, em Búzios, na Região dos Lagos. Apesar de negarem se conhecer, elas tiveram que dividir a mesma cela, na 22ª DP (Penha), em maio, quando foram presas acusadas de repartir a função de administrar o dinheiro de Piná.

De acordo com as investigações, Fabiana, de 32 anos, era a chefe financeira da quadrilha e cuidava da parte assistencialista do bando, entregando dinheiro para a associação de moradores e recebendo as taxas pagas pelos mototaxistas e pela exploração de gatonet. Já Fernanda, de 21 anos, moradora de Nova Iguaçu, conheceu Piná num baile funk e fazia o translado de dinheiro e de informações ao amante.

As duas chegaram a brigar por ciúmes dos presentes dados a elas pelo criminoso. O cenário foi um baile funk na favela Árvore Seca, no Complexo do Lins, em outubro do ano passado. No mesmo mês a comunidade foi ocupada pela polícia para a implantação de uma UPP. Fernanda contou aos policiais que não gostara de saber que a outra mulher ganhou R$ 7 mil de Piná para a compra de uma moto. Mesmo estando no baile, o traficante não teria intervindo. As duas foram foram separadas por amigos do casal.


Bruno eduardo, o Piná, acompanhado pelos delegados da Policial Civil Sergio Sahione, e da Polícia Federal Carlos Eduardo Thomé ao chegar na Cidade da Polícia Foto: Luiz Ackermann / Luiz Ackermann/Agência O Globo

Piná e a moça que brigou com Fernanda se relacionavam havia sete anos. Moradora de Mesquita, na Baixada Fluminense, ela tinha com ele, diferente dos outros três casos extraconjugais do rapaz, um vínculo sentimental: não exigia presentes ou dinheiro do traficante. Para Fernanda, por exemplo, Piná pagou a cirurgia para o implante de próteses de silicone nos seios. As outras duas amantes são moradoras de favelas da Zona Norte do Rio. Sem ligações diretas com o tráfico, elas recebiam dele jóias e roupas, e uma delas tinha a faculdade paga pelo criminoso.

O traficante, que atualmente cumpre pena fora do Rio, é pai de um menino de 4 anos, fruto de um namoro com uma sexta mulher. A criança vai com frequência a casa de Piná e Fabiana Muniz Toledo Procópio, de 32 anos, com quem o traficante é casado. Juntos, eles registraram um bebê, filha de uma moradora da comunidade viciada em crack. Fabiana também foi presa, na última quarta-feira, acusada de ser a chefe financeira da quadrilha.

No mesmo processo, foram denunciados pela magistrada Deiveson Rodrigues, Gustavo Rodrigues de Medeiros, Jefferson Barbosa de Moura, Rodrigo Alves Monteiro, Romário de Moraes da Silva, Samuel Almeida da Silva, Valdinei de Paula Ferreira e Rodrigo dos Santos Batista. No mesmo despacho, Deiveson e Valdinei tiveram o pedido de relaxamento de prisão negados pela juíza.

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