Após as chuvas, muitos desabrigados! E, diante da porta ou das janelas, um rio de esgoto e lixo é a ameaça constante de enchentes e doenças. Em Belém de Maria, cerca de dois mil moradores vivem em condições sub-humanas.
Nas margens do rio, poucos centímetros separam o piso da casa do agricultor, senhor João da água do rio.
No meio da casa, um corredor se abre para o canal, bem perto de onde canos despejam mais esgoto no rio.
A família inteira mora numa espécie de paredão do rio que desafiam a lógica da engenharia.
“Eu mesmo construí. Tenho muito orgulho disso. Meu esgoto vai para o rio, porque é como faz todo mundo aqui. Nunca ninguém veio à comunidade fazer ligação de esgoto” - Afirma João, que diz sonhar com a promessa de ganhar uma casa do governo.
A carcaça do animal passa lentamente enquanto a água pastosa se mistura aos dejetos dos esgotos despejando no rio, deixando no ar um odor de embrulhar o estômago. Um grupo de quinze crianças se aproxima, olham o rio, dão de ombros e pulam na água. Um garoto, magrinho, nos seus 14 anos, que sonha em ser policial, é o primeiro a se posicionar. Toma distância, acelera e pula, caindo de cabeça no lodo após uma cambalhota. Eles nadam no lixo, em meio a fezes e à podridão despejada ao longo do curso.
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