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sábado, 10 de junho de 2017

Coluna do sabadão

     A poderosa perdeu uma

A Rede Globo, que assume ostensivamente uma postura pelo afastamento de Michel Temer, perdeu, ontem, a primeira das suas batalhas para cassar o presidente, no Tribunal Superior Eleitoral, que rejeitou, por 4 votos a 3, o pedido de cassação da chapa Dilma-Temer. Mas, certamente, não vai recuar do seu propósito. Vem aí, com mais destaque ainda, o processo que Temer responderá no Supremo Tribunal Federal sob a acusação de tramar a compra do silencia do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB).
Temer e seus aliados devem ter festejado o voto minerva do presidente do TSE, Gilmar Mendes. Afinal, não se trata de uma briga igual, mas desigual. Cada um com suas ferramentas. Temer, com o apoio do Congresso, do aliado Gilmar no TSE e o poder da caneta. A TV Globo, por sua vez, com a sua capacidade indiscutível de formar opinião. Até agora, quem enfrentou a poderosa se ferrou. Que o diga o ex-governador do Rio, Leonel Brizola, massacrado, quase que execrado da vida pública.
Brizola passou como um trator por cima de seus adversários na eleição de 1982 para o Governo do Estado do Rio de Janeiro, quando ele era considerado “candidato sem chances do PDT ao Palácio Guanabara”, como dizia a TV-Globo. Uma das frases famosas de Brizola: “Quando vocês tiverem dúvidas quanto a que posição tomar diante de qualquer situação, atentem… Se a Rede Globo for a favor, somos contra. Se for contra, somos a favor!”
Quando a TV Globo pendeu para Collor em 1989, manipulando o debate final do ex-caçador de marajás com Lula, foi o passaporte para a chegada do “colorido” ao poder. Mais tarde, quando assumiu a campanha pelo impeachment de Collor, sua derrocada veio a jato. Mais tarde, na primeira eleição de Lula presidente, em 2002, depois de três campanhas contra o ex-petista, o ajudou a chegar ao poder.
No impeachment de Dilma, igualmente, teve posição favorável à sua degola, mesma trincheira assumida em relação à crise da Lava-Jato, só faltando assumir, em editorial, que defende e prega a prisão de Lula. A TV Globo vinha sendo generosa com Michel Temer, a ponto de os petistas irem às ruas falar mal e agredir repórteres, pregando o “abaixo a Rede Globo”.
A poderosa já dava como favas contadas a renúncia de Temer, tão logo o presidente foi pilhado em gravação feita pelo dono do frigorifico JBS. O presidente, entretanto, usou uma rede nacional de TV e rádio para afirmar que não largaria o osso. A partir daí, as atenções da emissora se voltaram para o julgamento das contas da chapa no TSE. Mas o corajoso Gilmar Mendes melou o jogo da globoleza. Como a emissora acha que pode tudo, vai continuar dedicando o JN, todos os dias, pela cassação de Temer.
SEM RESPOSTAS– O presidente Michel Temer enviou ao Supremo Tribunal Federal um pedido de arquivamento do inquérito, no qual informa que não responderá as 82 perguntas formuladas pela Polícia Federal. O pedido é dirigido ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF, que atendeu ao pedido da Procuradoria Geral da República e autorizou a abertura de inquérito para investigar Temer com base nas delações premiadas dos donos e executivos da empresa JBS. O prazo estipulado por Fachin para a resposta se encerrou às 17h de ontem. Mas o ministro já havia informado que Temer não era obrigado a responder.
A caminho da prisão– 
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reiterou, ontem, ao Supremo Tribunal Federal (STF), o pedido de prisão do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG). Ele também se manifestou pela manutenção das prisões da irmã de Aécio, Andrea Neves, do primo, Frederico Pacheco, e do assessor parlamentar e cunhado do senador Zezé Perrella (PMDB-MG), Mendherson Souza Lima. O procurador-geral afirma que a prisão preventiva é imprescindível para a garantia da ordem pública. Segundo ele, "são muitos os precedentes do Supremo Tribunal Federal que chancelam o uso excepcional da prisão preventiva para impedir que o investigado, acusado ou sentenciado torne a praticar certos delitos enquanto responde a inquérito ou processo criminal, desde que haja prova concreta do risco correspondente".

Ligado a Loures– Ao discutir as questões que recebeu da Polícia Federal sobre a delação da JBS, o presidente Michel Temer disse a auxiliares desconhecer o personagem "Edgar", que aparece na pergunta 47. A pergunta é a seguinte: "Vossa Excelência tem alguém chamado "Edgar" no universo de pessoas com quem se relaciona com certa proximidade? Se sim, identificar tal pessoa, mencionando a atividade profissional, eventual envolvimento na atividade partidária, descrevendo, ainda, a relação que com ela mantém". Aliados de Temer atribuíram Edgar ao universo, "ao circuito", do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, preso no complexo da Papuda, em Brasília. Em uma das gravações com Ricardo Saud, da JBS, sobre entrega de dinheiro, Loures discute o uso de três pessoas: Celso, Edgar ou Ricardo.
Dinheiro emergencial– 
O ministro de Educação, Mendonça Filho, liberou, ontem, R$ 30 milhões para recuperar a estrutura física de escolas e creches e para aquisição de equipamentos, mobiliários e livros das escolas atingidas pelas enchentes em 31 cidades do Estado. Segundo ele, foi mudada a lógica para o aval do dinheiro em virtude do quadro de emergência na região. “Em vez de aguardarmos a aprovação de cada plano de trabalho individual dos prefeitos, modificamos a lógica de atendimento pelo FNDE, para que os recursos fossem disponibilizados de forma imediata”, afirmou. O FNDE, conforme explicou, está mobilizando técnicos em Palmares, na zona da mata sul, e também em Caruaru, para oferecer assistência a todos os municípios afetados na elaboração desses planos de trabalho.

CURTAS
PROPINAS– O ex-diretor de serviços da Petrobrás, Renato Duque, afirmou ter acertado propinas de 0,5% para o PT, a pedido da então presidente da petrolífera, Graça Foster, em contratos entre a estatal e a empresa italiana Saipem, para a qual ele foi chamado para atuar. Na ocasião, segundo Duque, ela era diretora de Gás e Energia da Petrobrás.
CIDADANIA E LANÇAMENTOS– Os dois próximos lançamentos do meu livro Histórias de Repórter estão marcados para Abreu e Lima, na próxima quarta-feira, às 20 horas, na Câmara Municipal, onde também recebo o título de cidadão e no dia 16 em Afogados da Ingazeira, minha terra natal, às 20 horas, na Câmara Municipal.
Perguntar não ofende: Prendendo Aécio, Janot também vai pedir a prisão de Lula? 

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