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sexta-feira, 2 de maio de 2014

Campanha explícita na TV


No pronunciamento que fez para comemorar o Dia do Trabalhador, a presidente Dilma usou a prerrogativa de uma rede nacional de rádio e TV para fazer campanha eleitoral. Num tom de quem estava em palanque, anunciou 10% de reajuste para beneficiários do programa Bolsa Família numa tentativa de estancar queda na sua popularidade num segmento que perdeu gordura.

De maneira indireta, ela pediu aos brasileiros que façam carga sobre o Congresso para tirar reforma política do papel. O conteúdo da sua fala foi formatado claramente para tentar estancar a queda da popularidade do governo e a perda de apoio nas pesquisas de intenção de voto.

Dilma foi informada por sua equipe que o caso de má governança e de suspeitas de corrupção na Petrobras começou a corroer a imagem do governo. Por essa razão, na sua fala a presidente admitiu que houvesse atos de corrupção relacionados à estatal e prometeu apurar tudo, punindo os responsáveis.

Aproveitou para oferecer um aumento de 10% aos beneficiários do Bolsa Família, que são cerca de 14 milhões de famílias, atingindo 36 milhões de brasileiros. Para completar, antecipou o anúncio de uma correção na tabela do Imposto de Renda, cujo efeito só virá, na prática, em 2015. Também chamou a atenção o trecho em que ela tratou de reforma política.

“É preciso agora, sobretudo, tornar realidade o pacto da reforma política”, disse, lembrando que encaminhou ao Congresso “uma proposta de consulta popular para que o povo brasileiro possa debater e participar ativamente da reforma política”.

Nesse trecho, Dilma apelou para uma ligação direta entre ela e os cidadãos, para pressionar o Congresso. “Sempre estive convencida que sem a participação popular não teremos a reforma política que o Brasil exige”, declarou. E completou assim: “Além da ajuda do Congresso e do Judiciário, preciso do apoio de cada um de vocês, trabalhador e trabalhadora. Temos o principal: coragem e vontade política. E temos um lado: o lado do povo. E quem está ao lado do povo pode até perder algumas batalhas, mas sabe que no final colherá a vitória”.

Em resumo, ainda que usando um certo bonapartismo oblíquo, Dilma pediu aos brasileiros que façam carga sobre o Congresso para que seja realizada a reforma política. De maneira indireta, ela coloca a culpa pelos problemas do país num sujeito oculto e difuso – o sistema político – e responsabiliza o Congresso por não avançar com essa reforma.

A presidente foi à TV para dizer que está fazendo tudo certo, que está dando 10% de aumento no programa Bolsa Família e que se as coisas não andam é porque no Brasil falta uma reforma política e o Congresso não se esforça. É uma tentativa quase que desesperada, o tudo ou nada, para estancar sua queda nas pesquisas.

E OS APOSENTADOS ? – No discurso do Dia do Trabalho, a presidente desagradou um expressivo segmento da sociedade que está há muito tempo a espera de um gesto do seu Governo: os aposentados. “Deveria ter lembrado os milhões de aposentados que já deram sua contribuição ao País e a sociedade e continuam esquecidos”, diz o deputado Gonzaga Patriota. Segundo ele, a presidente deveria reajustar também em 10 % as aposentadorias.


Episódio patético – A oposição classifica como crime eleitoral o pronunciamento da presidente Dilma. Para o tucano Aécio Neves, candidato a presidente pelo PSDB, a fala “representa o desespero de um governo acossado por sucessivas denúncias de corrupção e uma presidente fragilizada pelo boicote da sua própria base, protagonizando um dos mais patéticos episódios já vistos na política brasileira”.

Chove, chuva!– O Dia do Trabalhador, ontem, foi comemorado de forma muito especial em várias regiões do Estado: com chuva. Choveu do Recife até Belo Jardim. No Sertão, as chuvas alegraram também os trabalhadores de Arcoverde, Pesqueira e Afogados da Ingazeira. Se continuar assim, os reservatórios sertanejos tendem a transbordar, com safra de milho e feijão garantida.

Reforço em Panelas - Candidato do PTB a governador, o senador Armando Monteiro recebeu, ontem, em Panelas, o apoio do ex-candidato a prefeito do município, Lourival de Lucena, o Lourinho. Lourival é filiado ao PSB e ficou em segundo lugar na disputa municipal de 2012 com 46.37% dos votos (6.718). O trabalhista aproveitou e prestigiou o tradicional Festival Nacional de Jericos, que estava suspenso há dois anos.


Agendão socialista - O pré-candidato ao Governo pela Frente Popular, Paulo Câmara, teve uma agenda extensa ontem, no feriado de 1º de maio. Começou com uma reunião com evangélicos no Recife, passou pelo festival do Jerico em Panelas, onde recebeu o apoio do prefeito Sérgio Miranda e acabou em Jurema, onde conversou com os dois grupos políticos do município.

CURTAS

COM DILMA– Depois de um surto oposicionista, o PP se abraçou com a reeleição da presidente Dilma, mas em Pernambuco deve mesmo caminhar com candidato próprio, segundo o presidente estadual, Eduardo da Fonte. A missionária Michelli Collins, lançada pelo partido, ainda não tem vice nem candidato a senador.

SEM VAIA- A assessoria do prefeito de Jaboatão, Elias Gomes (PSDB), desconhece que tenha havido qualquer reação de hostilidade ao tucano durante a procissão de Nossa Senhora dos Prazeres, padroeira do município. “Estive lá e em nenhum momento ouvi vaias por um atraso curto, de apenas 30 minutos”, diz o jornalista Ciro Rocha.

Perguntar não ofende: Dilma cometeu crime eleitoral ao fazer campanha numa rede de rádio e televisão no Dia do Trabalhador? Magno Martins.

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