Empréstimos feitos pelo governo para socorrer as distribuidoras vão causar aumento de oito pontos percentuais nas tarifas de luz
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, estimou ontem em oito pontos percentuais o impacto financeiro dos empréstimos de R$ 17,7 bilhões às distribuidoras no custo da energia em 2015 e 2016. O primeiro empréstimo concedido às empresas foi de R$ 11,2 bilhões. O segundo, que ainda está sendo negociado entre o governo e instituições financeiras, gira em torno de R$ 6,5 bilhões. “Não estou querendo dizer que o reajuste do ano que vem será de 8%, pois isto depende de uma série de outros fatores”, explicou.
De acordo com Rufino, esse é o tamanho do repasse que será feito aos consumidores para cobrir os financiamentos bancários disponibilizados ao setor. Isoladamente, disse ele, o impacto dos empréstimos não representa o aumento real que será percebido nas contas de luz.
“O reajuste [das tarifas] nunca é exclusivamente ligado ao valor do empréstimo. É um conjunto de fatores [que são analisados pela agência]. Ele [o financiamento] vai impactar a tarifa. Agora, o tamanho do reajuste tarifário vai depender de outros fatores, não é só esse item que é levado em consideração”, afirmou.
Na lista de pontos que são levados em consideração pela agência na hora de reajustar o preço da energia está a inflação, o próprio custo da energia no ano que vem, o volume de investimentos feitos pelas empresas, entre outros. Significa que o aumento pode ser ainda maior ou menor, caso o governo consiga, de fato, fazer baixar o preço da energia ao retomar concessões de geração elétrica que vencem no próximo ano.
Dívida
Agência adia novamente prazo para distribuidoras pagarem R$ 1,3 bilhão
A Aneel aprovou o adiamento para 28 de agosto da liquidação das operações realizadas no mercado de curto prazo, referentes a maio, no valor de R$ 1,315 bilhão, devido pelas distribuidoras de energia à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Em seu relatório, o diretor Reive Barros disse que era prudente alterar a data.
Embora as negociações com as instituições financeiras que concederão o novo empréstimo devam estar concluídas até amanhã, data prevista para o pagamento, os recursos ainda não estariam disponíveis para realizar a liquidação. “Já está tudo encaminhado. Em princípio, são as mesmas garantias, o mesmo processo, o mesmo tudo. Agora, a taxa o Ministério da Fazenda é que está negociando”, disse o diretor da Aneel, Romeu Rufino.
Segundo ele, entre os focos da discussão dos bancos com o governo estaria uma elevação do juro cobrado no segundo empréstimo em relação ao primeiro, que foi de CDI mais 1,9% ao ano. Uma alta nessa taxa explicitaria o aumento do risco do setor elétrico para os credores, o que o governo quer evitar.
Gazeta do Povo
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