O delegado Mardilson: Em 2009, ele teve a prisão decretada por abuso de autoridade Foto: Reprodução/Facebook |
A Corregedoria da Polícia Civil do Acre vai apurar a denúncia de um casal homossexual contra o delegado Mardilson Vitorino Siqueira, de 58 anos, pelo comentário dele sobre uma reportagem do site “ContilNetNotícias”. Numa matéria sobre Thiago Fernandes, de 22 anos, e Jefferson Saady, 28 anos, casados há dois anos, Mardilson publicou a seguinte frase no espaço de comentários: “uma boa surra de cipó roxo, logo, essas pérolas seriam colocadas nos seus devidos lugares”.
O delegado completou que a atitude do casal, em assumir o relacionamento, seria desrespeitosa. “Nada contra opção de cada um, mas que é uma falta de vergonha e de respeito para com nosso Criador e a família, sem dúvidas, pois família que se preza não aceitaria”.
Após a repercussão do caso, Thiago e Jefferson protocolaram, junto ao presidente da Associação de Homossexuais do Acre, Germano Marino, uma denúncia contra Mardilson na Corregedoria Geral da Polícia Civil do Estado.
Os rapazes, que foram personagens da matéria sobre a luta contra o preconceito, chegaram a ironizar a declaração do delegado, postando na internet a foto abaixo com mensagem ao detrator.
Thiago e Jefferson ironizaram a situação Foto: Reprodução/Internet |
Depois da polêmica, Mardilson usou o Facebook para se retratar e afirmou que em nenhum momento teve a intenção de promover a violência. “Venho esclarecer que jamais quis ou quero incentivar a violência, luto contra ela e continuarei, o que expus foi opinião pessoal e NÃO COMO DELEGADO. Nenhum comentário farei mais sobre o assunto. Sou homem comum e tenho direito de expressar meus pensamentos, sigo os preceitos bíblicos, embora seja pecador como tantos. Frequento todas as religiões e a minha fé está na existência de um ser Supremo chamado DEUS!”.
Após a polêmica, o delegado tentou se retratar Foto: Reprodução/Facebook
A Polícia Civil do Acre informou que as opiniões do delegado não representam a corporação, que repudia qualquer tipo de preconceito e violência. A Corregedoria investiga o caso e informou que tomará as medidas disciplinares cabíveis.
Outras polêmicas
Esta não foi a primeira vez que o delegado se envolveu em polêmicas. Em 2009, quando estava à frente das delegacias de Epitaciolândia e Brasileia, no Acre, ele teve a prisão decretada pela Justiça estadual por abuso de autoridade. Por meio de um habeas-corpus, o delegado foi libertado.
Na decisão, o juiz de direito Ednaldo Muniz dos Santos justificou a decisão baseado na reincidência de abusos cometidos pelo delegado, que teria mantido três pessoas presas de forma ilegal, mesmo sem flagrante ou ordem judicial.
Confira a nota da Polícia Civil na íntegra:
A Secretaria de Estado de Polícia Civil do Acre clarifica que as declarações realizadas pelo delegado Mardilson Vitorino de Siqueira, em sua página pessoal da rede social Facebook são de cunho individual e não refletem os princípios da instituição, que repudia qualquer forma de descriminação. A Corregepol (Corregedoria de Polícia Civil) instaurou procedimento e está avaliando o caso, objetivando verificar as medidas disciplinares eventualmente cabíveis no tocante à conduta do servidor. Após o apuratório final, assegurados os devidos direitos constitucionais, a Corregepol irá manifestar-se em definitivo.
Sobre as declarações efetuadas pelo Delegado Mardilson Vitorino afirmando que, embora respeitando toda opinião pessoal fruto da liberdade de expressão, o presidente da Associação dos Delegados do Acre – ADEPOL/AC, Rafael Marcos Costa Pimentel, esclarece que a classe de delegado de Polícia repudia qualquer forma de descriminação, visto que a categoria atua em sua essência como garantidora de direitos, reprimindo as mais variadas formas de violência. Dito isto, a classe novamente reafirma seu compromisso perante a sociedade, atuando para assegurar a dignidade da pessoa humana.
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