O policial militar Joacir Justino da Silva, de 42 anos, só procurou atendimento psiquiátrico dois dias depois de ter espancado o vigilante de um bar, na madrugada do último dia 13. A informação foi repassada pelo psiquiatra da corporação, Jorge Marcelo Lima, à delegada Andréa Busch, que conduz as investigações. O médico não deu entrevista à imprensa depois de comparecer à sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife, nesta segunda feira (22).
Expedito Lima/Arquivo Folha
Segurança levou várias tijoladas na cabeça
Segundo a delegada, tratou-se de uma conversa informal, que não terá conteúdo usado no inquérito. As declarações do psiquiatra, entretanto, ajudaram a esclarecer se o agressor já vinha tendo acompanhamento médico antes de ter cometido o crime, o que não foi confirmado pelo profissional. A advogada do PM afirma que seu cliente só bateu no segurança porque estava sob o efeito de remédios e bebidas alcoólicas, mas que não houve intenção de matar a vítima, já que o tenente estava armado, mas não atirou.
Na última quinta-feira (18), o governador João Lyra Neto assinou a instauração do Conselho de Justificação para julgar o espancamento, o que poderá resultar na expulsão do militar da corporação. O procedimento administrativo não tem prazo pré-estipulado, mas deve ser concluído dentro do período de suspensão aplicado ao acusado, ou seja, 120 dias sujeitos a prorrogação por igual período. O policial também responderá criminalmente quando o inquérito for fechado.
Investigações
Joacir Justino prestou depoimento no DHPP na última terça-feira (16). Dois dias depois, Gleidnaldo Santos, que também aparece participando das agressões em imagens de câmeras do bar onde a vítima trabalhava, também fez relatos à Polícia. Na mesma data, a delegada Andréa Busch também coletou mais informações do vigilante Lucas Silva, que já havia sido ouvido enquanto estava internado no hospital, logo após as agressões. Até agora, 13 pessoas já prestaram depoimento, o que inclui o dono e funcionários do estabelecimento.
A violência
As agressões ocorreram por volta das 5h do dia 13, um sábado, e foram registradas por câmeras do circuito de TV do bar, que fica no bairro do Derby, na área central do Recife. Nas imagens, o PM, de camisa clara, aparece se aproximando armado do vigilante. Em seguida, dá coronhadas na cabeça da vítima. O segundo suspeito, de camisa verde, também participa da pancadaria e é ainda mais violento que o policial, dando chutes e lançando um tijolo várias vezes contra a vítima.
Conforme a vítima, o ponto comercial já estava sendo fechado quando o tenente entrou, abriu o freezer e tirou uma garrafa de cerveja sem permissão. O vigilante repreendeu a ação e se afastou. Depois de consumir o produto, o policial deu início à violência, incentivado pelo colega, segundo relatos de testemunhas.
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