Quem é Paulo Câmara? Eis a pergunta mais ouvida em Pernambuco depois da confirmação do nome do secretário da Fazenda do Governo Eduardo para concorrer à sua sucessão. A mesma indagação se repetiu dois anos atrás quando Geraldo Júlio, então secretário de Planejamento estadual, foi lançado para concorrer à Prefeitura do Recife.
Apostar em ilustres desconhecidos para o jogo majoritário não é exclusividade de Pernambuco. Quem primeiro arriscou foi o tucano Aécio Neves, em Minas Gerais, com a eleição de Antônio Anastasia, seu principal auxiliar no Governo, eleito governador de Minas. No plano nacional, Lula foi o pioneiro ao emplacar Dilma.
Achando pouco, repetiu o fenômeno para Prefeitura de São Paulo, elegendo Fernando Haddad. Postes, na linguagem política, são reproduções vivas de governos bem avaliados, de políticos populares. Não tivesse sido na sua época o melhor governador do País Aécio não teria elegido Anastasia.
O mesmo pode ser dito de Lula, no plano nacional, com a fantástica extensão à cidade de São Paulo, que nunca governou. Fiz este preâmbulo para reproduzir uma estorinha que achei interessante ao mergulhar nos ricos bastidores da escolha de Câmara para representar a Frente Popular na disputa ao Palácio das Princesas.
Reunido com algumas lideranças em seu gabinete já tarde da noite, o governador ligou para o prefeito de Paulista, Júnior Matuto, cria do presidente da Ceasa, Romero Pontual. Com o celular em viva voz quis saber a opinião dele sobre alguns candidatos.
Matuto assim o fez, dando a sua modesta colaboração divagando sobre três nomes, mas ao final disse o seguinte: “Governador, o que vai valer nesta eleição não é o nome, mas a intenção do eleitor. O eleitor que vai sair de casa para votar na realidade estará votando no candidato do melhor governador do País. Esta é a leitura”.
Eduardo deu uma gargalhada e desligou o telefone. Dois dias após, cravou o nome de Paulo Câmara, porque o que está em jogo não é o nome do seu candidato, mas a sua confiança em estar colocando em julgamento o seu governo, como fez Aécio, em Minas, e Lula, no País. A decisão está nas mãos do povo pernambucano.
RENOVAÇÃO – Ao apostar em mais um técnico numa disputa majoritária, o governador Eduardo Campos, sustentado na tese da nova política, está tentando entrar para a história como o principal responsável pela geração de uma nova classe política no Estado. O último grande artífice deste laboratório foi o ex-governador Moura Cavalcanti. São da sua escola, dentre outros, Joaquim Francisco, Gustavo Krause e José Jorge, os dois primeiros ex-governadores.
Sem mando – De um aliado do vice-governador João Lyra Neto, que assume o Governo em abril para um mandato-tampão de nove meses, sem direito a reeleição: “João não fará nenhum tipo de hostilidade a Eduardo, mas Eduardo também não mandará no governo”.
Do Blog do Magno Martins
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