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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Deputado Jarbas Vasconcelos fica num beco sem saída

O deputado Jarbas Vasconcelos construiu sua trajetória política prezando pela ética e pela coerência, tendo sido prefeito do Recife por três vezes, governador de Pernambuco por duas e senador por um mandato. Em todas as ocasiões Jarbas buscou sempre seguir aquilo que acreditava nem que precisasse arcar com um pesado ônus das suas decisões.

Agora, aos 75 anos de idade, ele se depara com mais um desafio. Filiado ao PMDB desde 1980, tendo sido do MDB desde 1966, portanto com quase meio século no mesmo partido, saindo apenas em 1985 para o PSB para disputar e vencer a prefeitura do Recife naquele ano, Jarbas vive o seu momento mais difícil dentro do PMDB.

Não foram uma nem duas vezes que tentaram defenestrá-lo do PMDB, sobretudo nos tempos áureos do lulismo, onde o próprio Eduardo Campos, Armando Monteiro e José Múcio tentaram tirar o partido do seu comando, com todas as tentativas frustradas por conta de Jarbas ser considerado um peemedebista histórico e representativo.

A diferença é que naquela época o PMDB era coadjuvante do processo político nacional e não poderia se dar ao luxo de perder alguém da estirpe de Jarbas Vasconcelos. Isso foi determinante para que ele seguisse ileso. Agora o PMDB é protagonista da política nacional, tendo Michel Temer como seu principal expoente na presidência da República.

Jarbas decidiu que votará pela abertura da denúncia contra o presidente, indo de encontro ao PMDB, que decidiu fechar questão contra a denúncia. Os deputados que votarem contra a orientação do partido, se tiverem cargos no governo perderão, o que não é o caso de Jarbas, que poderá sofrer uma grave sanção que seria a perda do comando do partido em Pernambuco, presidido por Raul Henry.

Jarbas chega neste momento decisivo entre manter a coerência e a palavra perdendo o controle do PMDB ou manter o controle do partido perdendo a sua credibilidade perante seus eleitores em Pernambuco e admiradores em todo o Brasil. Caso opte pela coerência, caminho mais plausível, Jarbas deverá perder o comando do PMDB em Pernambuco e com isso a cadeira cativa na chapa majoritária de reeleição do governador Paulo Câmara, correndo um sério risco de ter seu quinhão no governo do estado diminuído a pó, pois o espaço ofertado a Jarbas e seu grupo tem o componente do PMDB como fator determinante, uma vez que eleitoralmente o ex-governador segue fragilizado.

A situação de Jarbas com a decisão que precisará tomar amanhã, seja ela qual for, será bastante desconfortável. É o tipo de caminho que não tem como fazer uma omelete sem quebrar os ovos.

Informações Edmar Lyra

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