Duas das coisas mais perigosas do mundo são a imprensa livre e o hálito da multidão. Juntas, elas ressuscitam o ponto de exclamação. Apoiado por Dilma Rousseff e empurrado por Renan Calheiros, o senador Gim Argello tramou virar ministro do TCU. Como o brasileiro se espanta cada vez menos, Gim imaginou que o absurdo seria recebido com uma doce, persuasiva, admirável naturalidade. A imprensa entrou com os holofotes, iluminando-lhe o prontuário. Os servidores do TCU organizaram a multidão.
Esquecendo-se de maneirar, Renan quis que o Senado engolisse a indicação de Gim Argello sem mastigar. Por 25 votos a 24, os senadores regurgitaram a manobra. Coisa inusual. Noutros tempos, se servissem aos senadores sopa de barata, poucos fariam a concessão de uma surpresa. É barata? Ótimo. É Gim Argello para o TCU? Pois que seja, e com farofa.
Ressuscitado o ponto de exclamação, a oposição providenciou um técnico para disputar votos com o preferido de Dilma e Renan. E Gim Argello, num rasgo de compostura decidiu abdicar da pretensão que jamais deveria ter cultivado. Repetindo: Gim Argello desistiu de virar ministro do TCU. Teve um ataque de bom senso. Ou seja: os refletores e o hálito forte deixaram o senador completamente… fora de si.
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