Numa demonstração de força a presidente Dilma Rousseff informou neste domingo (9) ao PMDB que pretende nomear ministros nos próximos dias mesmo sem o aval da legenda. O comunicado foi feito diretamente ao vice-presidente da República, Michel Temer, numa reunião no Palácio da Alvorada, no início da noite.
Numa outra demonstração de força, Dilma determinou a Michel Temer que levasse até ela nesta segunda-feira (10) pela manhã, em grupos separados, alguns dos interlocutores com quem ainda mantém um certo diálogo no PMDB.
Às 9h30, Dilma recebeu para uma conversa novamente Michel Temer, mas esteve acompanhado de Renan Calheiros e do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE). Em seguida, às 10h30, a presidente determinou que fossem convidados para uma reunião, Henrique Alves e Valdir Raupp.
Desde sexta-feira (7), o governo havia deixado veicular a informação de que a petista receberia ontem, além de Michel Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o presidente da Câmara, Henrique Alves (RN), e o presidente nacional da legenda, Valdir Raupp.
LEVARAM UM FORA - Durante o dia, o chefe de gabinete da Presidência, Giles Azevedo, comunicou ao PMDB que apenas Temer deveria ir ao Alvorada. Ou seja, um funcionário de segundo escalão comunicou o 'desconvite' a dois chefes de Poderes – Renan Calheiros e Henrique Alves. Não houve reação.
Preteridos da reunião com Dilma, todos ficaram resignados esperando o resultado do encontro dentro do Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência. Por volta das 20h30, Michel Temer saiu do Alvorada e foi a Jaburu relatar aos colegas que a presidente havia expressado novamente irritação com o líder do PMDB na Câmara, o deputado federal Eduardo Cunha (RJ).
ALVES CHIOU MAS CALOU - Desanimados, os peemedebistas no Jaburu se resignaram às ordens recebidas de Dilma por intermédio de Michel Temer. O único que esboçou alguma reação foi Henrique Eduardo Alves, que é aliado político de Eduardo Cunha. Alves chegou a pensar em boicotar a ida na reunião com Dilma na segunda, mas também acabou cedendo e compareceu.
A ideia de Dilma era tentar esvaziar a reunião da bancada do PMDB da Câmara, que estava prevista para segunda, quando iria ser discutida a convocação de uma convenção extraordinária que pode, inclusive, analisar a aliança do partido com o governo petista.
O Planalto deseja isolar Eduardo Cunha. O peemedebista trocou farpas com o presidente do PT, Rui Falcão, e ameaçou romper a aliança com o governo para eleição deste ano. Segundo a Folha apurou, Dilma disse que Cunha 'esticou a corda' ao fazer críticas pelo Twitter.
MINISTÉRIOS - Nas reuniões desta segunda, o PMDB insistiu num sexto ministério para o partido na busca de apaziguar os ânimos. A ideia é ter três ministros afinados com os senadores e outros três com deputados
A petista reclamou do teor das entrevistas de Cunha e disse que não gostaria de discutir com ele a respeito de quais ministérios vão caber ao PMDB na reforma que está em curso. A partir de agora, a presidente vai conversar com alguns grupos do PMDB de forma separada. Comunicará quem serão os nomes para os ministérios peemedebistas e espera que todos aceitem.
Por Fernando Rodrigues / Folha de S. Paulo
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