Mulheres saíram às ruas munidas com pincéis e tintas para protestar contra o machismo
Vestidas com sais e shorts curtos, meia arrastão, espartilho e biquínis, segurando cartazes com as frases "Machismo Mata" e "O desejo é seu, mas o corpo é meu", centenas de mulheres ganharam as ruas na segunda edição da Marcha das Vadias, na tarde deste sábado. De acordo com a Polícia Militar, o movimento começou com cerca de 250 pessoas na Praça do Derby, Centro do Recife, local da concentração. O grupo caminhou pela Conde da Boa Vista até a Praça da Independência, onde houve um debate sobre como a mulher é vista hoje na sociedade. Ao fim do ato, mais de mil pessoas já haviam se juntado à marcha.
O movimento é internacional, tendo começado no Canadá e se espalhado pelo mundo. De acordo com Jessika Alves, professora de história e participante da marcha, neste sábado, várias capitais do Brasil aderiram ao movimento. "A ideia é que façamos isto todo ano, mais ou menos na mesma época. Aos poucos, mais e mais pessoas vão aderindo", disse Jessika.
E não eram só mulheres que estavam na Praça do Derby. Vários homens e algumas crianças também compareceram. Os homens, inclusive, usavam batom e vestiam saias e camisas mais curtas.
Ana Alvez levou seu namorado, Tito Lívio, e os dois concordaram com as palavras de Jessika. Eles falaram que quando se reuniam com amigos, os homens muitas vezes faziam brincadeira com Tito quando ele defendia as mulheres. "Falam que as defendo só por causa da Ana, mas não. Minha mãe já me criou com esse pensamento. Na verdade, não importo que me xinguem, mas tem gente que se importa. O bom desse movimento é que muita gente nem sabe que piadas machistas não são apenas humor, tem muita verdade nelas e a Marcha mostra isso."
O grupo Ovelhas Rosas, sempre presente no Carnaval, também participou da Marcha das Vadias.
HISTÓRIA - A Marcha das Vadias é um protesto internacional, iniciado em Toronto, no Canadá. Em janeiro de 2011, vários casos de abuso sexual em mulheres foram relatados na Universidade de Toronto. Quando o policial Michael Sanguinetti falou para uma sala de direito que "mulheres devia evitar se vestirem como vadias para não serem abusadas", o comentário gerou revolta entre as estudantes.
Em 3 de abril de 2011, cerca de 1,500 pessoas participaram da SlutWalk, em Toronto. Elas protestavam contra "a ideia machistas da sociedade, que culpa as mulheres por terem sofrido um abuso sexual. Mesmo que eu andasse nua por aí, ninguém teria o direito de me assediar."
Com o sucesso do movimento, outras cidades começaram a ter suas próprias SlutWalks. Los Angeles, Chicago, Buenos Aires, Amsterdã e Nova York, entre outros, já tiveram. No Brasil, traduzida para Marcha das Vadias, o protesto ocorreu em Fortaleza, Belo Horizonte, Brasília, São Paulo e Curitba.
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