Coluna Fogo Cruzado – Folha de Pernambuco – 17 de janeiro
É improvável que tenha existido no Brasil uma safra de prefeitos com um
percentual tão grande de maus gestores como a que terminou os seus mandatos no
último dia 31. A imprensa e as redes sociais têm se encarregados de
desmascará-los. Pois raro é o dia em que não vêm à tona os malfeitos deixados
por eles para os seus sucessores. São veículos sucateados, postos de saúde sem
remédios, escolas caindo aos pedaços, computadores destruídos, bens públicos
roubados e servidores sem salário.
Credite-se em favor dessa gente uma conjuntura econômica desfavorável desde o
ano de 2011. Que sacrificou as prefeituras com aumento do salário mínimo e do
piso nacional dos professores acima do índice inflacionário, a queda do FMP
devido à desoneração dos produtos da linha branca e da indústria
automobilística, e o desaparecimento da receita da Cide pelo desejo do governo
federal de manter a inflação sob controle. Mas isso não lhes dava o direito de
destruir o patrimônio público.
Se o mal que fizeram nas prefeituras recaísse apenas sob suas cabeças, tudo
bem. Mas eles zombaram dos próprios eleitores que lhes confiaram o poder há
quatro anos. O resultado disso é que muitas cidades levarão pelo menos um ano
para reorganizar suas finanças, especialmente as que estão inadimplentes com o
governo federal e impedidas de receber recursos da União. Pior que tudo isto, no
entanto, é saber que muitos deles estarão de volta em 2016, pois o povo tem
memória curta.
O concurso – Dois desembargadores do Tribunal Regional Federal da 5ª região
inscreveram-se no concurso para seleção de novos tabeliães. Os cartórios de
registro de imóveis, de protesto e de notas são os mais cobiçados. Significa que
o salário no TRF deve estar muito defasado.
O suspeito – O desembargador Roberto Moraes não participou da sessão do TRE
que decidiria o futuro político do município de Água Preta. É que no passado ele
advogou para o atual prefeito Eduardo Coutinho (PSB) e para seu filho, João
Fernando, por isso declarou-se “suspeito”.
O rodízio – Por causa da posse dos novos prefeitos, o rodízio de médicos nos
PSFs tem sido a regra no interior. Os prefeitos, com raras exceções, não querem
trabalhar com médicos que não os apoiaram. Estão atrás de outros que nem sempre
estão disponíveis no mercado. Quem sofre com isto é a população, que perde o
profissional que acompanhava a saúde dos seus familiares.
A doação – Já está na Câmara de Petrolina o projeto de autoria do prefeito
Júlio Lossio (PMDB) doando o patrimônio do Hospital de Traumas à Universidade
Federal do Vale do São Francisco (Univasf). O prefeito, que também é médico,
convenceu-se de que sob controle da Universidade o Hospital pode pleitear verbas
nos Ministérios da Saúde e Educação, e não apenas no primeiro.
O teste – Menos de 20% dos candidatos que se inscreveram no último exame da
OAB foram aprovados, donde se conclui que o nível do ensino jurídico em nosso
país é baixo. Mas com os médicos não é diferente. Em SP, mais de 50% foram
reprovados em um exame semelhante.
O gargalo – Turista de SC que visita o Nordeste saiu reclamando do “gargalo”
que há no trecho da BR-101 que vai do Recife até Natal. Ele gastou 4 horas da
capital pernambucana à capital potiguar, sendo que 50 minutos foram gastos para
cruzar a cidade de Abreu e Lima (PE).
Boa escolha – Como substituto do ex-deputado Pedro Eurico (PSDB) na Comissão
Estadual da Memória e da Verdade, o também ex-deputado José Áureo (PSB) tem uma
enorme contribuição a dar. Ele foi impedido de estudar no Brasil durante o
regime militar e casou-se com a advogada Hebe Silveira, filha do ex-prefeito do
Recife, Pelópidas Silveira, deposto em abril de 64.
A marca – O prefeito de Belo Jardim, João Mendonça (PSD), já tem pronta a
logomarca do seu governo, cujo principal destaque a bandeira do município. Mas
só irá fixá-la nos prédios públicos após concluir o conserto de todos eles. Até
lá, diz ele, fica a logomarca do ex-prefeito Marco Coca Cola (DEM).
O imortal – O prefeito Izaías Régis (PTB) pretende deixar a prefeitura de
Garanhuns, daqui a quatro ou oito anos, dependendo das circunstâncias, com pelo
menos uma obra que o deixaria imortalizado: a duplicação da rodovia 423 que liga
o município a São Caetano. O fato de Lula ter nascido lá, ajuda.
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