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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Servidores administrativos exercem ilegalmente função de policiais civis no interior, denuncia Sinpol


A mulher de costas com a blusa da Polícia Civil é servidora do Estado, mas não policial civil. Foto: divulgação/Sinpol.

Sob nova direção desde novembro de 2014, o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) está reformulando a entidade de classe em busca de melhorias para a categoria. Na última sexta-feira (30), a diretoria da instituição recebeu uma denúncia anônima informando sobre funcionários administrativos que atuavam de forma ilegal na delegacia de Agrestina, no Agreste de Pernambuco. As informações foram repassadas, nesta terça-feira (3), durante coletiva de imprensa.

Representantes do Sinpol foram à delegacia do município e identificaram que quatro dos cinco agentes eram funcionários de outras secretarias do Estado e estavam trabalhando como policiais civis, com direito a arma na cintura, farda da corporação e uso da viatura. Na delegacia, havia apenas um funcionário concursado. No mesmo dia em que houve o flagrante, foi registrado um homicídio, durante a festa do padroeiro da cidade.

Durante a batida do Sinpol, um funcionário da Secretaria de Saúde foi preso em flagrante, porque ele estava com porte da arma vencido. Ele tinha o porte para uso pessoal. O sindicato cobrará também a responsabilidade ao delegado que fez a escala de plantões e incluiu os funcionários.

Segundo o presidente do Sinpol, Áureo Cisneiros, os funcionários, que atuavam como “araques” (gíria interna da categoria para se referir a pessoas que trabalham na delegacia, desempenhando serviços administrativos, mas não são policiais), estão oficialmente lotados na secretaria de Educação e Saúde do Estado, mas um deles trabalha há 13 anos de forma ilegal na delegacia.

De acordo com levantamento do sindicato, o fato não é isolado e a entidade está mapeando outras unidades com registros semelhantes.
Um dos servidores trabalhava com a arma sem ter porte. Foto: divulgação/Sinpol.
“Eles não poderiam atuar na festa, além de não serem policiais, eles não têm treinamento”, afirmou Cisneiros. O relatório da denúncia será encaminhado à Corregedoria da Polícia Civil e à Secretaria de Defesa Social (SDS).

Escala de plantões dos funcionários que atuam de forma ilegal. Foto: Sinpol/Divulgação.

Ao criticar o desvio de função, o presidente do Sinpol alerta que o déficit no efetivo é um dos fatores que contribuem para a existência de casos semelhante ao descrito na denúncia. “Nós estamos trabalhando no limite, com 40% do nosso efetivo. Já estamos falando sobre isso desde dezembro. A Polícia Civil vai entrar em colapso. Aliás, a entidade já está em colapso”, disparou.

Números divulgados pelo Sinpol apontam que, atualmente, Pernambuco tem efetivo de 4.900 policiais. O necessário, segundo a entidade, é 10.500 funcionários. O salário bruto inicial é de R$ 3.200.

“Os araques são antigos na instituição, mas eles atuavam na parte administrativa, mas o problema agora é porque eles estão assumindo função de policial civil”, contou uma fonte, em reserva.

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