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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Quatro mulheres ficam cegas após cirurgias de catarata em Caruaru


Olho com catarata

Quatro mulheres ficaram cegas de um dos olhos após se submeterem a cirurgias de catarata no Instituto da Visão de Pernambuco, em Caruaru, no Agreste do estado. A catarata é a principal causa de cegueira tratável. As pacientes tiveram uma grave infecção causada por uma bactéria, possivelmente a Pseudomonas.


Elas foram transferidas às pressas para o Hospital de Olhos de Pernambuco (Hope) na última quarta-feira. Os médicos chegaram a solicitar córneas à Central de Transplantes de Pernambuco, mas a infecção era muito grave e, para evitar sua disseminação, foi retirada parte do conteúdo dos olhos operados das pacientes. Duas receberam alta e duas permanecem internadas. As cirurgias no instituto foram suspensas na última quarta e o bloco foi interditado ontem pela Vigilância Sanitária do município.


Ao todo, sete pessoas passaram por cirurgia na última segunda-feira na unidade. Seis delas de catarata. Dessas, as três primeiras e a última tiveram infecção. As outras duas não apresentaram problemas. Foram colhidas amostras do humor vítreo (substância viscosa) dos olhos operados das pacientes. Exames estão sendo realizados nesses líquidos para confirmar qual foi a bactéria responsável pela contaminação, apesar de o ofício da Central de Transplantes já indicar que o agente causador foi a Pseudomonas. O único paciente não operado de catarata naquele dia passou por uma cirurgia de pterígio e não teve complicações.


Na terça-feira, foi realizada a primeira avaliação pós-operatória. Vinte e quatro horas após a cirurgia, as pacientes que tiveram infecção apresentaram vermelhidão (comum após operações desse tipo). Três delas também se queixaram de dor e uma de sensação de areia no olho. Na quarta-feira, a dor havia aumentado e o grau de inflamação estava acentuado, indicando uma infecção severa.


No mesmo dia, a direção do instituto suspendeu as cirurgias. Ontem, uma equipe da Vigilância Sanitária de Caruaru foi ao local. O órgão havia sido avisado do problema na última quinta, pela direção do instituto. Nada de anormal foi encontrado.


Entrevista >> Getúlio Cardoso, sócio do Instituto da Visão de Pernambuco


Quando o problema foi detectado?

Sete pacientes foram operados na segunda-feira, todos eles pelo médico Renato Lira, que é meu sócio. Se não me engano, quatro pela manhã e três à tarde. Dos sete, quatro tiveram problemas. Mas não foram quatro consecutivos. Na terça-feira, na primeira avaliação pós-operatória, já havia um grau de inflamação. Renato pediu para elas voltarem na quarta.

Vocês sabem qual a origem do problema?

Não. Desde a quarta-feira, a partir do momento que o problema foi detectado, todas as cirurgias foram suspensas. E nós vamos investigar. Estou extremamente constrangido e chateado. É uma situação muito delicada.

Foi realizado algum procedimento novo?

Não. Nada de novo, nem medicação nova.

Há quanto tempo o Instituto existe?

Como clínica, existimos há mais de 10 anos. Havia uma sociedade de três pessoas, que foi desfeita. Constituímos novo nome fantasia e nos mudamos para o novo endereço há quatro anos. Operamos 80 pacientes por mês. Só Renato opera 50 por mês. Tenho certeza que fizemos o melhor que poderia ser feito.

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