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quinta-feira, 29 de setembro de 2016



A escassez de chuvas no Agreste pernambucano levou ao colapso a Barragem de Jucazinho, localizada no município de Surubim. A estiagem prolongada, que castiga a região por seis anos consecutivos, secou o manancial que chegou a atender 15 cidades. O reservatório é o maior operado pela Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) com a capacidade de acumular 327 milhões de metros cúbicos de água. Hoje com 0,01% não oferece mais condições de captação da água para abastecimento humano.

A Barragem de Jucazinho conseguiu operar até setembro 2016 graças ao planejamento rigoroso e à gestão do manancial adotados desde o início da sua operação em 2000. Um Centro de Controle Operacional (CCO) foi instalado em Caruaru para acompanhar, diariamente, as condições e a operação da barragem. Além disso, desde 2013, a vazão e a retirada de água de Jucazinho vêm sendo monitoradas por hidrólogos do Banco Mundial, dentro do programa Monitor de Secas, desenvolvido em áreas sujeitas aos efeitos da estiagem, como o Nordeste do Brasil e regiões dos Estados Unidos, México e Espanha.

“Sempre respeitamos as vazões recomendadas, tirando até menos do que era permitido, a fim de preservar Jucazinho”, ressaltou o diretor Regional do interior, Marconi de Azevedo.

Segundo ele, nenhum planejamento, porém, resiste a um período de seca extrema como esse que ocorre no Agreste. Com a diminuição do nível da barragem e sem chuvas, a COMPESA retirou em setembro de 2015 três cidades do Sistema Jucazinho: Caruaru, Bezerros e Gravatá, municípios que dispunham de outras fontes hídricas. Em novembro de 2015, a COMPESA passou a explorar o volume morto da barragem, quando atingiu o seu pior índice desde a sua inauguração, chegando a 2,18% da sua capacidade total.

 
No mês de julho de 2016, mais uma cidade saiu do Sistema Jucazinho. Desta vez, foi Santa Cruz do Capibaribe, que passou a ser atendida pelo Sistema do Prata, o mesmo que atende Caruaru.

“Até a última sexta-feira (23), ainda conseguíamos bombear algum volume de água, o que não será mais possível a partir de hoje. Só restou lama”, lamenta o diretor Marconi de Azevedo.

Das 11 cidades restantes, 10 delas serão atendidas exclusivamente por carros-pipa após o colapso de Jucazinho: Toritama, Vertentes, Vertente do Lério, Santa Maria do Cambucá, Casinhas, Passira, Cumaru, Riacho das Almas, Salgadinho e Frei Miguelinho. A cidade de Surubim, que também integra Jucazinho, será atendida por uma adutora de 30 quilômetros de extensão, a partir da Barragem de Pedra Fina, em Bom Jardim.

O governador Paulo Câmara autorizou uma obra emergencial de R$ 2,6 milhões, recursos próprios da COMPESA, para evitar o colapso do abastecimento de Surubim.

“Reativamos e recuperamos a antiga adutora de Surubim, usada antes de Jucazinho, num prazo recorde de menos de 60 dias. Estamos finalizando os testes e iniciando a operação, que vai estender o abastecimento para além das cidades de Bom jardim, Orobó e João Alfredo e levar água até Surubim”, relata o diretor Regional do Interior, acrescentando que está previsto no planejamento que as cidades de Toritama, Vertentes, Vertentes do Lério e Santa Maria do Cambucá também recebam água de Pedra Fina.

A Barragem de Pedra Fina está com 80% de sua capacidade total, ou seja, 4,8 milhões de metros cúbicos. Para garantir a sustentabilidade desse manancial, a COMPESA já está trabalhando fortemente com o Governo do Estado para trazer água de outra barragem maior, a de Sirigi, localizada no município de Vicência.

“Essa integração de bacias garantirá o abastecimento da região, mesmo na ausência de chuvas; A Barragem de Sirigí é uma obra orçada em 33 milhões e estamos negociando com o Governo Federal para fazer essa obra em seis meses e não deixar que ocorra o colapso nessa região do Agreste”, conta Marconi de Azevedo.

Novos investimentos para atender o Agreste - Para socorrer as cidades que estão em situação crítica de abastecimento, a COMPESA adianta que o governo do estado está se empenhando para viabilizar os projetos hídricos necessários para a região. Um deles é a Adutora do Agreste, uma obra estruturadora para a região. O projeto irá atender 68 cidades e mais de 80 distritos a partir do Eixo Leste da Transposição do Rio São Francisco.

“Essa região já deveria estar com esse problema resolvido se o governo federal tivesse liberado todos os recursos dessa obra, que é a redenção do Agreste. Enquanto isso não se resolve, o governo de Pernambuco tomou a decisão de fazer investimentos ainda que sejam com recursos próprios, desenhando novas estratégias para integrar as bacias hidrográficas e dessa forma vamos superando esse momento difícil”, observa o diretor Regional do Interior, Marconi de Azevedo.

Já foram gastos R$ 500 milhões na Adutora do Agreste e ainda restam mais R$ 700 milhões para a finalização da primeira etapa do projeto. Enquanto o dinheiro não chega, a COMPESA desenha novas estratégias para garantir o abastecimento de água para os pernambucanos, a exemplo da Adutora de Pirangi, que levará água da Mata Sul para o Agreste, um investimento de R$ 60 milhões com recursos do Banco Mundial”, informou o diretor.

A obra está em execução e deverá ficar pronta em janeiro de 2017, beneficiando Caruaru e outras cidades do entorno que já são atendidas pelo Sistema do Prata, como Altinho, Agrestina, Cachoeirinha e Ibirajuba.

De acordo com Marconi de Azevedo, o município de Santa Cruz do Capibaribe, por tabela, também receberá água de Pirangi. Toritama também deverá receber água do Sistema Pirangi, aproveitando uma parte da Adutora do Agreste, que interliga Caruaru a Toritama, que tem previsão para conclusão também para janeiro de 2017.

 Fonte: Assessoria

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