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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Datafolha revela conservadorismo brasileiro

Pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha revela quão conservadora ainda é a sociedade brasileira. O levantamento colocou temas polêmicos sob a avaliação popular e revelou que temas como utilidade dos sindicatos, pena de morte e criminalidade dividem a opinião nacional. Já quando a temática é drogas, religião e maioridade penal, o conservadorismo predomina - apesar de 69% dos entrevistados "já" defenderem que a homossexualidade deve ser aceita por toda a sociedade.

Questionados sobre as causas da pobreza no país, 61% dos brasileiros têm consciência que esta é motivada principalmente pela falta de oportunidades iguais para as pessoas. Mas 37% ainda acreditam que a pobreza é motivada pela preguiça de pessoas que não querem trabalhar.

A falta de oportunidades iguais para todos, todavia, não é vista como a causa da criminalidade. Enquanto 58% dos brasileiros acreditam que a motivação dos crimes tem origem na maldade das pessoas, apenas 39% dos entrevistados acreditam que os atos são originados na desigualdade social - este número sobe para 56% entre os entrevistados que recebem mais de 10 salários mínimos.

A situação piora quando o tema é maioridade penal: 68% acreditam que adolescentes que cometem crimes devem ser punidos como adultos, enquanto apenas 31% defendem a reeducação destes jovens. As mulheres mostraram uma tendência à compaixão levemente superior à dos homens (34% a 28%).

Questionados sobre pena de morte, a maioria defende que tal punição não cabe à Justiça. Mas o brasileiro ainda se mostra dividido: enquanto 55% pedem a preservação da vida do indivíduo, 42% defendem que a pena de morte é a melhor punição para os que cometeram crimes graves - contraditório para um país em que a população se deonima, em sua esmagadora maioria, cristã.

Se o assunto for posse de armas, os brasileiros defendem a manutenção da ilegalidade do comércio aberto de armamento. 68% veem como uma ameaça à vida, enquanto 30% veem como "um direito do cidadão para se defender". Os homens são mais adeptos desta segunda opinião.

SINDICATOS - A utilidade dos sindicatos na sociedade foi o assunto que mais dividiu os brasileiros: 49% acredita que as organizações são importantes para defender os direitos dos trabalhadores, se opondo a 46% que veem os sindicatos como grupos que servem mais para fazer política que para defender a classe. Chama atenção o fato de que esta divisão se deu principalmente por classe social. Quanto menor a renda familiar, mais se dá credibilidade ao sindicato.

Entre os que recebem até dois salários mínimos, 53% defende que os sindicatos servem para defender os interesses dos trabalhadores, enquanto 41% acredita que as organizações servem para fazer política. A credibilidade dos sindicatos é inversamente proporcional à renda familiar, de modo que na faixa em que a renda é superior aos 10 salários mínimos, apenas 40% vê as organizações como defensora da classe, e 58% como meios de manobra.

RELIGIÃO, DROGAS E HOMOSSEXUALIDADE - Acreditar em Deus torna as pessoas melhores. Pelo menos é o que pensam 86% dos brasileiros - estes mesmos que, quatro parágrafos antes, defendem (42%) a pena de morte. Apenas 13% têm clara a ideia de que acreditar ou não em Deus não necessariamente afeta a índole da pessoa. Estes números têm influência direta da escolaridade.

Entre os que têm só ensino funamental, 95% creem que a fé em Deus nos torna alguém melhor. O número cai para 85% entre os que têm ensino médio e 73% (número ainda elevado) entre os com curso superior. Já os que acreditam que isso não afeta a nossa índole são 7% dos com escolaridade no fundamental, 15% dos que têm escolaridade no ensino médio e 27% dos que têm ensino superior.

Pelo menos no quesito de tolerância à homossexualidade, o brasileiro parece um pouco mais lúcido. 69% acreditam que os homoafetivos devem ser aceitos por toda a sociedade, enquanto 25% ainda não entendem o suficiente de direitos humanos e pedem o "desencorajamento" das relações homossexuais por toda a sociedade. Vale ressaltar ainda que a pergunta foi sobre "aceitação", algo ainda embrionário no que tange o respeito à sexualidade alheia - que, sendo alheia, não deveria ser da sua conta.

A proibição do uso de drogas ainda é tabu. A maioria esmagadora (83%) defendem que estas sigam proibidas, argumentando que "toda a sociedade sofre com as consequências" - como se a proibição também não nos trouxesse severas consequências, com o aumento da criminalidade. Entre os entrevistados, 15% defendem que a legalização das drogas hoje ilícitas, já que o usuário é o prejudicado pelo uso das mesmas.

O levantamento foi realizado no último dia 13, com 2.588 brasileiros em 160 cidades. As somas dos percentuais não atingem 100%, já que muitos dos questionados optaram por não responder às questões.

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