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domingo, 6 de julho de 2014

SUS vai oferecer vacina contra hepatite A para todas as crianças



Antes só liberado em casos especiais, o produto entrará a partir deste mês no calendário de todas as crianças com 1 ano de idade. Mais de 140 mil serão imunizadas. 
Uma nova vacina será incorporada ao calendário das crianças na rede pública neste mês de julho: a que protege contra hepatite A. Até hoje somente disponível no SUS para crianças e adultos mais vulneráveis, será liberada no primeiro ano de vida de todos os pequenos. Ana Catarina Melo, coordenadora estadual de Imunizações, adianta que em Pernambuco 140,3 mil meninos e meninas com idade entre 12 meses e menos de 2 anos serão convocados a receber a injeção nos postos de saúde.

“A vacina já chegou ao País e estamos aguardando a distribuição do Ministério da Saúde aos Estados nos próximos dias. Daí, as doses seguirão aos municípios”, explicou esta semana. Ao optar pelo primeiro ano de vida, o esquema quer antecipar a proteção antes de a criança ampliar a convivência com outras em creches e escolas. Por enquanto não está prevista uma segunda dose, como funciona na rede privada. A doença se propaga no contato com alimentos e água contaminada.

Segundo Ana Catarina, a vacina contra hepatite A é feita com vírus inativado, recombinante, com menos chance de gerar reação adversa. Por isso não existe restrição, ao menos para garotos com alergia já conhecida aos componentes do produto. Embora seja considerada doença benigna e assintomática na maioria dos casos, a hepatite A causa desconforto, com diarreia, vômito e icterícia, além de outros prejuízos. São raros os casos de inflamação fulminante do fígado, que exige transplante ou mata. Conforme dados do Ministério da Saúde, 2% a 7% de todos os doentes evoluem para a necessidade de hospitalização e podem morrer. Os menores de 13 anos correspondem a 68,7% dos adoecimentos no País relacionados à hepatite A, daí a imunização gratuita estar focada no público infantil. Não existe remédio contra o vírus.

“Ainda bem que não precisarei pagar pela vacinação do meu segundo filho, que fará seu primeiro aniversário no próximo mês. Recorri à clínica privada para vacinar o mais velho”, comenta, otimista, a professora Flávia Moreira, moradora de Jaboatão dos Guararapes. Ela lembra que as deficiências do saneamento básico deixam as crianças expostas à hepatite A. Por isso, defende a vacina, já que a coleta de esgoto e o acesso a água potável em todos os lugares parecem distantes.

A vacina contra hepatite A está disponível no Brasil desde a década de 1990. No SUS, ela só é oferecida, até então, em centros de imunobiológicos especiais, como o que funciona no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, para pessoas com imunodeficiência, problemas de coagulação, cardiopatias, síndrome de Down, fibrose cística e transplantados de órgãos ou medula óssea. Adolescentes e crianças com menos de 13 anos, portadores do vírus da aids, também já eram beneficiados. Um acordo de transferência de tecnologia entre o Ministério da Saúde e o laboratório produtor Merck Sharp & Dohme Farmacêutica vai garantir a produção nacional no Instituto Butantan (SP) em 2018. Foram investidos R$ 108,8 milhões na compra de 5,6 milhões de doses.

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