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segunda-feira, 15 de maio de 2017

Coluna da segunda-feira

     Moro vai condenar Lula

Falando num um evento em Londres, sábado passado, organizado por brasileiros que estudam em universidades britânicas, o juiz federal Sérgio Moro revelou sinais muito claros de que sua sentença se dará pela condenação do ex-presidente Lula no primeiro processo em que foi ouvido, sobre ocultação de bens - o triplex do Guarujá. Ele disse, textualmente, que juízes não podem julgar pensando na consequência política que a decisão irá gerar.
Em apresentação no Brazil Forum UK, o magistrado foi questionado sobre a exposição de juízes na mídia e respondeu: "Não creio que isso gera um grande problema, desde que não invadam política partidária". Em seguida, falou sobre casos envolvendo corrupção de agentes políticos. "Um julgamento, seja absolvitório ou condenatório, sempre tem reflexos políticos, mas esses reflexos políticos ocorrem fora da corte de justiça", afirmou.
A postura de Moro é a de um juiz que não teme pelas consequências políticas do seu ato e, mais do que isso, que cadeia nasceu e existe para pobres e ricos. "Quando se condena, por exemplo, um ex-político de envergadura, alguém que teve um papel às vezes até respeitável dentro da conjuntura política do País, isso vai gerar reflexos dentro da vida partidária. [...] O juiz não pode julgar pensando nisso, o juiz tem que cumprir seu dever e julgar segundo as leis e as provas", afirmou.
Mais claro do que isso, impossível. Só os fanáticos lulistas têm alguma esperança de que o ex-presidente, chefe da quadrilha da Lava-Jato, vai escapar do veredicto justo do juiz Moro. "Se o juiz for julgar pensando na consequência política, ele não está fazendo seu papel de juiz", enfatizou Moro. "Muitas vezes tem essa confusão de que julgamentos são políticos, quando na verdade não são", completou.
PRISÕES NA LEI– Moro participou de um debate com o título de "Reequilibrando os poderes: o papel do Judiciário na democracia brasileira”. O juiz falou por 15 minutos. Quando foi chamado pela organização para discursar, ouviu aplausos e algumas vaias. Ao final da sua fala, os aplausos prevaleceram. Ele disse reconhecer que pode haver divergência sobre o entendimento a respeito das prisões preventivas. No entanto, segundo Moro, todas as aplicadas na Lava Jato foram baseadas na lei. "Esse tema da prisão preventiva tem sido polêmico. O que tenho falado nas minhas decisões é que não defendo nada diferente da aplicação ortodoxa da lei penal", afirmou.
Dilma ou Iolanda?– 
Um dia antes da prisão dos seus marqueteiros João Santana e Mônica Moura, a ex-presidente Dilma ligou para avisá-los sobre a operação da Polícia Federal e usou um e-mail secreto com o codinome Iolanda. Em 21 de fevereiro de 2016, Dilma foi além do e-mail. Ligou para João Santana e avisou que ele seria preso no dia seguinte. O casal estava na República Dominicana, seguindo recomendação da própria Dilma. Na delação, Santana e Mônica disseram que o caixa dois bancou até o cabelereiro de Dilma, no valor de R$ 50 mil.

Ninguém escapa – Não é exagero dizer que a Odebrecht corrompeu todo o Brasil. Os 26 estados e o Distrito Federal têm políticos na lista do ministro Edson Fachin, do STF, ou receberam pedidos de investigação relacionados ao acordo de colaboração. Se antes Paraná, Rio, São Paulo, Pernambuco, a Justiça Federal e as cortes superiores no Distrito Federal conduziam inquéritos relacionados à operação, no pós-Odebrecht, 20 estados e o DF terão células da Lava-Jato em busca de esclarecer fatos narrados pelos executivos da empreiteira baiana. Ao encaminhar petições ao Supremo com base nas revelações da Odebrecht, no mês passado, a Procuradoria-Geral da República solicitou que mais de 200 casos fossem remetidos a outras instâncias judiciais. Há menções a ex-prefeitos, prefeitos e deputados estaduais.
Emancipação– O deputado Fernando Monteiro (PP) prestigiou o aniversário de 163 anos de Buíque, no Agreste, ao lado do prefeito Arquimedes Valença (PMDB). "Tenho orgulho de dizer que sou o deputado de Buíque, terra de gente trabalhadora. O povo dessa cidade tem em mim um amigo, que trabalha pelo desenvolvimento do município. Quero parabenizar também o grande trabalho que o prefeito Arquimedes esta realizando a frente da prefeitura em tão pouco de gestão", pontuou Fernando Monteiro. Ao final da celebração, o deputado recebeu do padre Luiz Benevaldo um terço de Nossa Senhora de Fátima ungido no Santuário de Fátima, Portugal.
Um dos melhores– 
O seminário “Pernambuco em ação” da Mata Sul, sábado passado, em Palmares, foi um dos mais concorridos e prestigiados graças ao empenho do prefeito anfitrião Altair Júnior (PMDB), que se envolveu diretamente na mobilização de prefeitos, vereadores e lideranças políticas da região. Ao final, o governador Paulo Câmara (PSB) não apenas reconheceu o trabalho arrojado do aliado como atendeu a vários pedidos seus, entre eles a retomada das obras da UPAE de Palmares, que vai, segundo o secretário estadual de Saúde, Iran Costa, melhorar a qualidade dos serviços do SUS no município.

CURTAS
CORREIOS– Os Correios devem apresentar ainda neste mês de maio uma proposta de reestruturação para tentar levar suas contas de volta ao azul, segundo o presidente da estatal, Guilherme Campos. A empresa soma cerca de R$ 4 bilhões de prejuízo entre 2015 e 2016. De acordo com ele, a reestruturação é fundamental para reverter o resultado negativo. Em março, o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou que, se a empresa não promover o "equilíbrio rapidamente", vai "caminhar para um processo de privatização”.
PALOCCI–Já se iniciaram em Curitiba os preparativos para a delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci. No fim da tarde da última sexta-feira, oito presos da Operação Lava Jato que estavam na carceragem da Polícia Federal em Curitiba foram transferidos para o Complexo Penal de Pinhais. Quando há remoção de presos por lá, duas coisas podem acontecer: ou vão chegar novos presos de operações que poderão ser deflagradas ou é a separação dos demais presos de um interessado em negociar delação premiada.
Perguntar não ofende: Se Sérgio Moro condenar Lula na primeira instância, o Tribunal Regional Federal assina embaixo na segunda instância? 

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