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quarta-feira, 19 de julho de 2017

19/07/17
Foto: Carolina Antunes/Presidência da República
Aliança do grupo de FBC com Temer ou Maia passa por ‘sacudir economia do Estado’ com autonomia de Suape e refinaria Abreu e Lima

Sob a condição de anonimato, os aliados do grupo do senador Fernando Bezerra Coelho, dissidente do PSB, contam que a única certeza atual é que eles não vão rumar com Paulo Câmara no seu projeto de reeleição, em 2018. Cortejado pelo Democratas de Rodrigo Maia e depois pelo próprio PMDB de Temer, o grupo espera o melhor momento para definir os próximos passos. “Tudo é uma questão de timming, neste momento”.

Há duas semanas, em uma entrevista a um revista da Paraíba, o ex-presidente Lula, falando dos desafios das eleições no Nordeste, chegou a dizer que Paulo Câmara iria enfrentar FBC e os ministros de Temer, em 2018.

Nas articulações, até uma eventual permanencia no PSB não estaria descartada, desde que o grupo, com o apoio do vice-governador Márcio Franca em São Paulo, consiga o comando do PSB Nacional.

O ingresso no PMDB é uma das possibilidades, em especial se Temer conseguir sobreviver ao processo na Câmara dos Deputados.

“Fernando Filho e o grupo de FBC tem muito cartucho para gastar. Com a autorização do presidente, eles podem retomar a economia do Estado, com investimentos em áreas vitais como o polo naval, refinaria e Suape. O sonho deles é dar uma nova sacudida na economia do Estado”.

Neste cenário, os aliados de FBC especulam que o adiamento do evento em Caruaru, nesta quarta-feira, pode esconder mais do que supõe o noticiário local.

“Tudo pode acontecer. Quem sabe na próxima semana, o ministro Fernando Filho, com autorização de Temer, não anuncia a autonomia de Suape e assina o segundo trem da Refinaria Abreu e Lima. Vão dar de presente a Paulo Câmara (cuja bancada pede sua destituição)? Não custaria nada ao presidente, depois de prestigiar os tucanos, em Caruaru, tomar um helicóptero, se deslocar até Suape e ao lado do ministro das Minas e Energia anunciar os investimentos”.

“A caneta tá na mão de Temer. Pode ser um rolo compressor. Se Temer der a ordem de serviço com Fernando Filho, isto pode representar 40 mil pessoas empregadas (na refinaria). Isto sacode a economia do Estado. Isto está na agenda política dele. Será um processo natural. No caso de FBC também se trata de algo natural pois ele já foi da Arena e do PDS. As lideranças que estão com ele não votam por ideologia”


E para onde iria o ex-senador Jarbas Vasconcelos, neste processo?

Os aliados de FBC contam que ele poderia repetir o que já fez no passado, quando o PMDB negou a sigla a ele e ele foi abrigado pelo PSB de Miguel Arraes, para eleger-se prefeito do Recife. “Jarbas é um quadro raro. Ele não está a vontade no PMDB com Temer. Ele vai ter que procurar abrigo no PSB. São duas vagas ao Senado e ele vai conseguir se eleger senador”, avaliam.

E o que é dito, nos bastidores, sobre a especulação de que Fernando Filho poderia ser o vice de Paulo Câmara?


“FBC vem pra cima. Isto não passa de balela, propagada pelo ex-deputado socialista Ranilson Ramos (TCE). Ele quer o espaço livre para o filho dele (Lucas Ramos, do PSB) sair deputado federal”Foto: Guga Matos / JC Imagem

Mágoas do passado recente

Se há uma coisa que os aliados não esquecem, em relação a Paulo Câmara, é um episódio no começo da gestão do socialista. FBC havia indicado um aliado para a secretaria de Desenvolvimento Econômico, mas no dia do anúncio do secretariado, sem sequer ligar para FBC, Paulo Câmara desconvidou o indicado e nomeou outro no lugar.

“Não deixa de ser uma tapa (na cara de) Paulo Câmara. Ele perdeu ali um aliado, um senador do estado, Paulo não soube tratar FBC ao recusar o representante dele no Desenvolvimento Econômico”, conta um aliado.

A rigor, o estremecimento é anterior. Vem da época das eleições ainda. Logo depois da morte de Eduardo Campos, FBC e João Lyra, dois nomes preteridos por Eduardo Campos na indicação para a chapa majoritária, teriam discutido a substituição de Paulo Câmara, uma vez que até aquele momento ele não decolava. O grupo de Paulo Câmara e Geraldo Júlio, ao lado da viúva Renata Campos, trataram o episódio como alta traição e nunca mais o relacionamento foi o mesmo. Em Caruaru, João Lyra e sua filha Raquel chegaram a ser humilhados publicamente, com a negativa da legenda para a disputa municipal.

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