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terça-feira, 22 de abril de 2014

Campos se muda para SP com o desafio de tornar-se conhecido no Sudeste



Eduardo Campos posa para foto na avenida Faria Lima, próximo ao flat onde mora em SP
Foto: Zanone Fraissat

A madrugada da última quarta-feira avançava quando o jatinho alugado pelo PSB aterrissava em Guarulhos (SP). Debaixo da garoa, Eduardo Campos desembarcou na companhia da mulher, de três filhos e de assessores.

Com exceção de alguns cumprimentos e acenos de pessoas que transitavam pelo aeroporto, a chegada a São Paulo foi discreta, diferente da despedida do socialista do governo de Pernambuco, que reuniu no início do mês cerca de 3.000 pessoas nos arredores do Palácio Campo das Princesas, sede da administração estadual.

Em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, estacionado em um patamar próximo aos 10%, o pré-candidato à sucessão presidencial mudou-se nesta semana para a capital paulista com um desafio: tornar-se conhecido na região Sudeste e conquistar votos no maior colégio eleitoral do país.

A Folha acompanhou parte das atividades de Campos, que, em menos de 48 horas em São Paulo, cumpriu agenda típica de campanha eleitoral: deu entrevistas, tirou fotos com eleitores e viajou para o interior paulista para discursar em evento da sigla.

"Gosto de tomar café na padaria: acordar e tomar um pingado, o que é bem típico daqui. E de fazer caminhada no Ibirapuera ou no Villa-Lobos", disse Campos, que já se adapta à nova rotina.

Sem exercer cargo público desde que deixou o governo de Pernambuco, o dirigente da legenda receberá do PSB a partir de maio uma remuneração mensal bruta de cerca de R$ 12 mil, teto pago pelo partido. A sigla tem arcado ainda com despesas diversas, como o aluguel do carro com o qual ele tem se deslocado.

"Temos dirigentes da sigla que são profissionalizados e há uma tabela de remuneração. Eu passo a ser profissionalizado a partir de maio. A remuneração não é pelo Fundo Partidário, mas pela contribuição de filiados", diz.

'NOVA PERNAMBUCO'

O partido alugou para Campos até novembro, pensando em um eventual segundo turno, um flat em um bairro nobre da capital paulista. A nova casa, na qual ele passa este feriado com a mulher e os cinco filhos, foi apelidada por socialistas de "Nova República de Pernambuco".

"Ele reuniu a família inteira no flat, não sei como cabe tanta gente", brincou um dirigente do partido.

Para os deslocamentos pelo país, quando não houver possibilidade de voo de carreira, a sigla pretende alugar um jatinho com uma empresa de frete. As viagens ao interior paulista, por sua vez, devem ser feitas em uma van.

"Não haverá ônibus, a intenção não é fazer como o PT e criar uma espécie de caravana 'Bye-bye, Brasil'", provocou um socialista, em referência à intenção dos petistas de ter um ônibus para a pré-campanha de Alexandre Padilha ao governo estadual.

Anteontem, Campos falou com a Folha antes de se reunir com parte da equipe que coordenará a campanha. Ele defendeu que o Minha Casa Minha Vida, uma das vitrines eleitorais da presidente Dilma Rousseff, seja aperfeiçoado. Para ele, a iniciativa deve ser expandida à faixa de até três salários mínimos.

"Hoje, 80% do deficit habitacional está na faixa de um a três salários mínimos e o Minha Casa Minha Vida oferece para esse grupo 40% só das moradias. Há metade da oferta do que é a demanda."

Em seu primeiro dia em São Paulo, o pré-candidato viajou a Campinas (SP), a maior cidade paulista administrada pelo PSB. Em discurso a militantes, recorreu à música "Rep", de Gilberto Gil, para explicar as recentes pesquisas eleitorais.

"Há uma estrofe que diz: 'O povo sabe o que quer, mas o povo também quer o que não sabe'. O povo já sabe o que quer, quer mudança, mas o povo não sabe ainda o nome e o número da mudança."

Nem bem se instalou na cidade, Campos já sairá de São Paulo na semana que vem. Na segunda-feira, inicia giro por Estados como Santa Catarina, Paraná, Pará, Amazonas, Maranhão e Piauí.

Por Gustavo Uribe / Folha de S. Paulo

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