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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Em PE, apoio a Campos une velhas raposas da política

Em viagens pelo país ao lado de Marina Silva, presidenciável tem prometido varrer 'velha política' caso seja eleito.

Na última semana como governador de Pernambuco, o pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, colecionou abraços e juras de apoio de representantes da "velha política" que promete combater no Planalto.

Ao se despedir do cargo na sexta-feira, ele discursou em um palanque acompanhado pelo ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) e pelo deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE). Ambos indicaram parentes para seu governo e agora vão contrariar as cúpulas partidárias para apoiá-lo na corrida presidencial.

"Eduardo é um político exemplar, que honra todos os compromissos assumidos. Trabalharei incansavelmente, com prefeitos que me apoiam, para ajudá-lo. Não medirei esforços para que ele seja eleito presidente", disse Inocêncio à Folha.

O deputado exerce o décimo mandato seguido em Brasília e já foi condenado por manter trabalhadores em suas fazendas em regime análogo à escravidão. No primeiro mandato de Campos, ele indicou um primo, Sebastião Oliveira, para chefiar a Secretaria de Transportes.

Ex-presidente da Câmara, Severino esteve com o presidenciável em ao menos três compromissos na semana. Ele prometeu ignorar a provável aliança do PP com a presidente Dilma Rousseff para apoiar o conterrâneo.

"Mesmo que o partido vá para outro lado, eu sou Eduardo. Ele é o melhor governador que Pernambuco já teve", disse o ex-deputado, que renunciou em 2005 para não ser cassado depois que um empresário contou que repassava a ele um "mensalinho" de R$ 10 mil para explorar restaurantes na Câmara.

Adversário histórico do ex-governador Miguel Arraes (1916-2005), avô do pré-candidato, Severino afirmou que Campos "não tem os defeitos" do antepassado. "O Arraes não tratava bem a classe produtora. O Eduardo trata muito bem", disse.

Filha de Severino, Ana Cavalcanti foi secretária estadual de Esporte até janeiro.

Em giros pelo país ao lado da ex-senadora Marina Silva, Campos tem prometido varrer a "velha política" caso seja eleito presidente.

"Chegou a hora de a gente aposentar um bocado de raposa que já está aí enchendo a paciência do povo brasileiro", disse a uma rádio da Bahia, em outubro passado.

"É prioritário superar a velha política do clientelismo, do abuso do poder econômico e das superadas disputas personalistas", afirmou anteontem, no Recife.

NOVOS ALIADOS

A despedida de Campos teve a presença de quatro ex-governadores que foram adversários de sua família e agora o apoiam. Um deles, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), foi citado duas vezes no discurso.

Quando o presidenciável emplacou a mãe, Ana Arraes, no cargo de ministra do Tribunal de Contas da União, Jarbas subiu à tribuna para atacá-lo, em 2011: "É nepotismo, política do compadrio, do coronelismo. É atraso do pior tipo possível, um exemplo do vale-tudo na política."

Eles se aproximaram há três meses e selaram uma inesperada aliança. O senador indicou um afilhado, o deputado Raul Henry (PMDB-PE), como vice na chapa de Paulo Câmara (PSB), candidato de Campos a sucedê-lo.

FOTOS: Geraldo Silva
Por Daniel Carvalho e Bernardo Mello Franco / Folha de S. Paulo

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