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terça-feira, 3 de maio de 2016

Menina que teve o olho perfurado por garfo recebe transplante: 'Tive medo'
Cirurgia foi feita às pressas em jovem de 13 anos e foi um sucesso.
Garota estava brincando com amigos em Guarujá, SP, e se acidentou.


Telão mostra detalhes do olho da jovem
(Foto: Alexandre Xavier da Costa/Arquivo Pessoal)

Uma adolescente que teve o olho perfurado por um garfo de churrasco foi a primeira pessoa a passar por um transplante de córnea emGuarujá, no litoral de São Paulo. A cirurgia, que teve que ser feita às pressas, foi um sucesso. O procedimento proporcionou a adolescente a chance de enxergar novamente após o acidente doméstico. Além disso, renovou a esperança de quem precisa fazer um transplante de córnea na Baixada Santista.

A estudante Kauany Vitoria Lins Lima, de 13 anos, brincava com um amigo e a irmã, de oito anos, em casa, em Vicente de Carvalho, quando o acidente aconteceu. “A minha irmã foi na cozinha e pegou o garfo de churrasco. A gente estava correndo atrás do meu amigo. Ela virou sem querer e o garfo pegou no meu olho”, lembra a adolescente.

Após o acidente, que aconteceu na noite de uma sexta-feira, a mãe dela, Rute Maria Lins Vu, levou a menina ao PS de Vicente de Carvalho. Segundo Rute, Kauany foi atendida por um médico clínico geral já que não havia oftalmologista. “Ela estava com muita dor, tomou remédio na veia e voltou para casa. Furou o olho, mas não sangrou”, conta Rute.

Na segunda-feira, a jovem foi para o Hospital Santo Amaro, onde foi encaminhada para o centro cirúrgico. “Ela estava com o olho perfurado e a gente não conseguia fechar. Demos pontos para tentar recuperar a estrutura do olho, mas o olho ainda ficou aberto”, explica Alexandre Xavier da Costa, oftalmologista especialista em córnea do Hospital Santo Amaro.
Kauany após a cirurgia (Foto: Arquivo Pessoal)
Equipe médica que realizou o transplante (Foto: Alexandre Xavier da Costa/Arquivo Pessoal)

Após a cirurgia, a família foi informada que Kauany precisaria passar por uma outra intervenção, de catarata, e um transplante de córnea. A menina recebeu alta médica e foi para casa com curativos para aguardar o transplante. Kauany foi internada no dia 11 de março e passou pela operação no dia seguinte.

A cirurgia foi feita pelo SUS e realizada com sucesso. “Por ser uma cirurgia de urgência, com um trauma, foi uma operação difícil. Não tinha só perfurado a córnea, mas o cristalino também. Foi um transplante de córnea e uma cirurgia de catarata, uma cirurgia dupla, em uma menina de 13 anos. Um caso super grave”, explica.

Segundo o médico, como a córnea não tem vaso sanguíneo, é muito difícil ter algum problema de rejeição como outros órgãos. O pós-operatório de Kauany será lento e irá demorar cerca de três meses para que a menina volte a enxergar normalmente. Ela recebeu alta médica no mesmo dia e, agora, está recebendo acompanhamento semanal e passará por exames daqui alguns meses para ver se a visão voltará a ficar 100% boa.

A garota conta que estava bem nervosa na hora do transplante porque estava com medo do resultado da cirurgia. “Eu já tinha lido sobre córnea, catarata e tive medo. Eles me acalmaram e, depois, eu não lembro de nada. Eu não sinto muita dor. Ainda está meio embaçada a visão, não estou conseguindo abrir muito o olho, para evitar dor e para não pegar bactérias. Para mim, tudo foi um susto. Nunca pensei que passaria por isso”, diz ela.
Primeiro transplante de córnea em Guarujá (Foto: Alexandre Xavier da Costa/Arquivo Pessoal)
O transplante só foi possível porque o Hospital Santo Amaro conseguiu, no começo deste ano, o credenciamento para fazer o transplante de córnea. A certificação foi um processo complexo que demandou cerca de um ano. O oftalmologista que realizou a cirurgia em Kauany é o único autorizado a realizar o procedimento no hospital Santo Amaro.

Segundo ele, há cerca de 15 pessoas na fila do transplante de córnea em Guarujá. O credenciamento começou a ser feito em fevereiro deste ano, mas alguns pacientes estão esperando desde o ano passado. “A fila é estadual e demora cerca de seis meses. Existe o bancos de olhos, que distribui para as cidades de acordo com a fila. Alguns casos passam na frente, que são os de urgência, como o da Kauany”, explica o especialista.

Mesmo com a demora, ainda de acordo com ele, ter um hospital credenciado para realizar o transplante na Baixada Santista já é um grande avanço para os pacientes da região. “Antes, a gente tinha que encaminhar o paciente para São Paulo. A população e até os médicos da região agora podem encaminhar os pacientes para cá. Com certeza, existem pessoas que precisam da cirurgia, por isso que é importante divulgar e indicar o transplante”, finaliza.

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