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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Coluna da sexta-feira

Pernambucanos torram R$ 7,27 milhões

Em plena crise financeira, a Câmara dos Deputados parece alheia à contenção de gastos públicos. Entre janeiro e setembro deste ano, os 25 deputados federais eleitos por Pernambuco gastaram R$ 7,27 milhões por meio da Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), que custeia despesas com material de escritório, telefone, passagens, combustíveis, entre tantas outras.
Com o chamado cotão, os congressistas não precisam se submeter às regras da Lei de Licitações na hora de comprar, por exemplo, materiais de escritório ou contratar consultoria. O dinheiro é transferido diretamente para a conta do parlamentar como ressarcimento após a apresentação de nota fiscal. O valor não leva em consideração o salário pago mensalmente a cada deputado federal: R$ 33,7 mil.
Os deputados que mais pediram reembolso da verba foram Zeca Cavalcanti (PTB), R$ 372,87 mil, Ricardo Teobaldo (PTN), R$ 368,22 mil, e Tadeu Alencar (PSB), R$ 352,27 mil. Os que menos receberam dinheiro do cotão foram André de Paula (PSD), R$ 15,79 mil, Roberto Teixeira (PP), R$ 4,04 mil, e Sebastião Oliveira, R$ 108.
Numa comparação anual, os parlamentares pernambucanos gastaram R$ 10,87 milhões com o cotão no ano passado. No ritmo atual, a expectativa é que a marca seja superada em 2016. Os dados estão disponibilizados no Portal da Transparência da Câmara.
Os deputados poderiam aproveitar o embalo da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 241) que define limite de gastos públicos e reduzir a gastança com o cotão.
Lula banca o herói – Alvo da Operação Lava Jato, o ex-presidente Lula insiste em frequentar o palanque de João Paulo à Prefeitura do Recife. Fingindo-se alheio às investigações sobre o saque à Petrobras, Lula pediu ao PT para injetar recursos na campanha do ex-prefeito, uma espécie de redenção do partido em 2016. Para o candidato, que está mais de dez pontos atrás do prefeito Geraldo Júlio (PSB) nas pesquisas de intenção de votos, Lula apenas o atrapalha. João Paulo, no entanto, se recusa a admitir publicamente o desgaste político de Lula.
A história se repete – Bancado pelo ex-governador Eduardo Campos, Geraldo Júlio (PSB) foi eleito no primeiro turno, em 2012, com 453.380 votos, 51,15% do total dos votos válidos. Na época, o senador Humberto Costa (PT) tentava garantir poderio bélico ao PT, mas acabou ficando em terceiro, com 154.460 votos (17,43%). Na largada deste segundo turno, Geraldo já faturou os votos dos perdedores no primeiro, Daniel Coelho (PSDB) e Priscila Krause (DEM). Ele caminha para se tornar especialista em desbancar petista.

Folha pesada – O pagamento de servidores e encargos sociais virou um fardo pesado para o governo federal. Da dotação autorizada de R$ 277,2 bilhões, em setembro, foram emitidos empenhos de R$ 236,4 bilhões, correspondendo a 85,3% da dotação do grupo de despesa, e pagos R$ 191,1 bilhões, equivalente a 68,9% da dotação. Em relação aos dados de setembro de 2015 (R$ 180,1 bilhões) os pagamentos desta despesa cresceram 6,1% em 2016. Com uma folha tão carregada, o governo tem motivo de sobra para defender o limite dos gastos públicos.
Pode melhorar – O presidente Michel Temer trabalha para ampliar a votação, em segundo turno, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 241) que define um limite de gastos públicos. No primeiro turno, foram 366 deputados federais favoráveis – eram necessários 308. O governo acredita que chegará a 390 votos. De acordo com um ministro ouvido pelo blog, falta contornar "raros focos de insatisfação". Para o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), o número da base é superior aos 366 deputados. "É um pouco maior", disse.
Inferno astral – O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) mergulhou num inferno astral sem precedente na carreira política. Cassado em 12 de setembro, ele viu o juiz federal Sérgio Moro intimá-lo, ontem (13). Cunha tem 10 dias para encaminhar resposta preliminar à ação penal por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta encaminhada à 13ª Vara Cível do Paraná pelo ministro Teori Zavascki. Ontem (13), ele foi alvo de protesto no aeroporto de Santos Dumont, no Rio. Carregando suas bagagens em um carrinho, Cunha foi interpelado por uma senhora aos gritos de “ladrão” e “pega pega”.
Luciano é banco – O vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB), nasceu para ser reserva. Vice de João Paulo (2 vezes), vice de Geraldo (2 vezes) e suplente de deputado. Já dizia um ditador popular que vice bom é o que não cheira nem fede. Às vezes que foi escalado para entrar de titular, foi em jogo perdido, onde os titulares são poupados. Foi candidato ao Senado contra Jarbas quando a aliança PDT/PSB tinha nomes como Ariano, Tânia Bacelar, Fernando Lyra, Zé Queiroz, Fernando Bezerra Coelho e ninguém botou a mão na cumbuca. Escalaram Luciano. Ele tem um dos maiores currículos de reserva da política brasileira, só perdendo para Jorge Gomes.

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