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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

'Trabalhei muito pelo Tocantins', diz ex-governador preso em operação
Sandoval Cardoso está na Casa de Prisão Provisória de Palmas.
Operação da PF investiga esquema de fraude em licitações no estado.

Após ser preso pela Polícia Federal na noite desta quinta-feira (13), em Palmas, o ex-governador Sandoval Cardoso (SD) se defendeu das acusações. "Trabalhei muito pelo Tocantins". Ele é suspeito de participar de um esquema de fraude em licitações de terraplanagem e pavimentação asfáltica. A operação Ápia teve início durante a manhã de quinta-feira, com 115 mandados expedidos pela Justiça.

Sandoval se entregou na sede da PF e depois foi levado para o Instituto Médico Legal, onde passou por exames de corpo de delito. Posteriormente, foi levado para a Casa de Prisão Provisória de Palmas, onde segue preso.

"Quero que seja esclarecido mais do que qualquer outra pessoa. Eu não licitei nenhuma obra, eu executei", disse. A defesa de Sandoval Cardoso informou que vai colaborar com as investigações.

Dos 115 mandados expedidos, 21 foram de prisão temporária. Destes, 13 pessoas foram presas e estão na CPP incluindo o ex-governador. Em relação aos sete que faltam, seis são considerados foragidos e um está sob cuidados médicos em São Paulo. Na manhã desta sexta-feira (14), o ex-secretário de Infraestrutura Kaká Nogueira se entregou à PF.
Ex-governador Sandoval chega ao IML de Palmas (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Esquema
Segundo informações da Polícia Federal, a organização suspeita de fraudar licitações de terraplanagem e pavimentação asfáltica no Tocantins funcionava em três núcleos compostos por políticos, servidores públicos e empresários. A suspeita é de que o grupo tenha desviado R$ 200 milhões.

O superintendente regional da PF no Tocantins, Arcelino Vieira, disse que os núcleos eram formados com a intenção de fraudar e burlar a fiscalização de forma a conseguir lucrar com os serviços, que muitas vezes não eram executados.

"O núcleo político era composto por pessoas que compunham o alto escalão do Estado, dois ex-governadores [Sandoval Cardoso e Siqueira Campos] que, através de contratos com Banco do Brasil, conseguiram empréstimos internacionais", disse.

O delegado explicou que os empréstimos estavam fundamentados em uma lei estadual, a qual também autorizou o estado a criar um comitê executivo que gerava os recursos e os distribuía para várias secretarias estaduais. Uma delas era a Secretaria de Infraestrutura (Agetrans) que fazia a licitação e o acompanhamento de todas as obras.

Segundo a investigação da PF, os recursos conseguidos através de três linhas de crédito somavam R$ 1,2 bilhão. Deste valor, a Agetrans ficou com R$ 850 milhões para investir em obras nas rodovias, mas os contratos receberam aditivos que se computados, ultrapassariam R$ 1 bilhão.

"Os editais eram recheados de cláusulas restritivas à concorrência que favoreciam empresários do grupo. Ao final se constatou que havia ajuste de preços para dividir o lote entre seis empresas. Está bem clara a existência de um cartel para o fim de fraudar as licitações e desviar dinheiro público federal", explicou o procurador da república José Ricardo Teixeira.

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