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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Depressão definida clinicamente, sintomas e precauções

A depressão é uma doença "do corpo como um todo", que compromete seu corpo, humor e pensamento. Ela afeta a forma como você se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas.



Uma doença depressiva não é uma "fossa" ou um "baixo astral" passageiro. Também não é sinal de fraqueza ou uma condição que possa ser superada apenas pela vontade ou com esforço.



As pessoas com doença depressiva (estima-se que 8% das pessoas adultas sofram de uma doença depressiva em algum período da vida) não podem simplesmente recompor-se e melhorar por conta própria. Sem tratamento, os sintomas podem durar semanas, meses ou anos. O tratamento adequado, entretanto, pode ajudar a maioria das pessoas que sofrem de depressão.

TIPOS DE DEPRESSÃO

As doenças depressivas manifestam-se de diversas maneiras, da mesma forma que outras doenças, como, por exemplo, as do coração. Descreveremos três dos tipos mais freqüentes de doenças depressivas. Entretanto, dentro deles, ocorrem variações quanto ao número, gravidade e duração dos sintomas.



A depressão maior caracteriza-se por uma combinação de sintomas que interferem na capacidade de trabalhar, dormir, alimentar-se e desfrutar de atividades anteriormente consideradas agradáveis pela pessoa. Estes episódios depressivos incapacitantes podem ocorrer uma duas ou várias vezes durante a vida.



Um tipo menos grave de depressão é a distimia, que envolve sintomas crônicos e prolongados, não tão incapacitantes, mas que impedem a sua plena capacidade de ação ou que você se sintabem. Às vezes, pessoas com distimia apresentam também, episódios de depressão maior.



Outro tipo é o distúrbio bipolar, antigamente denominado doença maníaco-depressiva. Não é tão freqüente quanto as outras formas de doenças depressivas. Caracteriza-se por ciclos de depressão e euforia ou mania. Estas oscilações de humor, em geral, ocorrem gradualmente; porém,, às vezes, são abruptas e acentuadas. Tanto no ciclo depressivo, quanto no ciclo maníaco, você pode apresentar alguns ou todos os sintomas correspondentes a cada um desses ciclos, relacionados no tópico seguinte. A mania, em geral, afeta o pensamento, o julgamento (senso crítico) e o comportamento social, causando graves problemas e constrangimentos. por exemplo, uma pessoa em fase de mania pode tomar decisões profissionais ou financeiras insensatas. O distúrbio bipolar freqúentemente é uma condição crônica recorrente (ocorre repetidamente).

SINTOMAS DE DEPRESSÃO E MANIA

Nem todas as pessoas com depressão apresentam todos os sintomas relacionados a seguir. Algumas apresentam poucos, outras, muitos. A gravidade dos sintomas também varia de indivíduo para indivíduo.


DEPRESSÃO

· Tristeza persistente, ansiedade ou sensação de vazio

· Sentimentos de desesperança, pessimismo

· Sentimentos de culpa, inutilidade, desamparo


· Perda do interesse ou prazer em passatempos e atividades que anteriormente causavam prazer, incluindo a atividade sexual

· Insônia, despertar matinal precoce ou sonolência excessiva

· Perda de apetite e/ou de peso, ou excesso de apetite e ganho de peso

· Diminuição da energia; fadiga, sensação de desânimo

· Idéias de morte ou suicídio; tentativas de suicídio

· Inquietação, irritabilidade

· Dificuldade para concentrar-se, recordar e tomar decisões


· Sintomas físicos e persistentes que não respondem a tratamento; por exemplo: dor de cabeça, distúrbios digestivos e dor crônica

MANIA

· Euforia inadequada

· Irritabilidade inadequada
· Insônia grave
· Idéias de grandeza

· Aumento do discurso (tagarelice)

· Pensamentos desconexos ou muito rápido
· Aumento do interesse sexual
· Aumento acentuado da energia
· Redução do senso crítico

· Comportamento social inadequado



AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA E TRATAMENTO

O primeiro passo para se iniciar um tratamento apropriado são os exames físicos e psicológico com os quais se pode determinar se você tem uma doença depressiva e de que tipo. Certos medicamentos e algumas doenças podem causar sintomas de depressão, e o exame médico pode verificar estas possibilidades através da entrevista e dos exames físicos e laboratorial.



Uma boa avaliação diagnóstica também deve incluir a história completa dos seus sintomas, como, por exemplo, quando começaram, há quanto tempo duram, qual a intensidade desles e se já ocorreram antes, e, neste caso, se você fez tratamento e de que tipo. Seu médico deve perguntar sobre o uso de álcool e drogas, e se você pensa em morte ou suicídio. Além disso, a avaliação deve incluir perguntas sobre a ocorrência da doença depressiva em seus familiares, e eventuais tratamentos que eles possam ter recebido para depressão e qual sua eficácia.



O tratamento de escolha dependerá do resultado da avaliação. Existe uma variedade de medicamentos antiddepressivos e de psicoterapias que podem ser empregados para tratar distúrbios depressivos. Algumas pessoas se dão bem com psicoterapia e outros com antidepressivos. Há os que reagem melhor com a combinação dos dois tratamentos: medicamento para obter alívio realtivamente rápido dos sintomas e psicoterapia para aprender maneiras mais eficazes de lidar com problemas diários. Dependendo do diagnóstico e da gravidade de seus sintomas, você poderá receber medicamentos e/ou ser tratado com uma das formas de psicoterapia reconhecidamente eficazes no tratamento da depressão.


AJUDANDO-SE A SI MESMO

Os distúrbios depressivos fazem você se sentir exausto, desvalorizado, desamparado e sem esperança. Estes pensamentos e sentimentos negativos fazem com que algumas pessoas queiram desistir de tudo. É importante compreender que a visão negativa faz parte da depressão e não reflete, de forma exata, sua condição. O pensamento negativo desaparece quando o tratamento começa a surtir efeito. Neste meio-tempo, recomendam-se algumas atitudes:

· Não se imponha metas difíceis e nem assuma demasiadas responsabilidades.

· Divida as grandes tarefas em tarefas menores, estabeleça algumas prioridades e faça apenas o que puder e do modo que puder.



· Não espere demais de si mesmo; isto só aumentará sua sensação de fracasso.



· Procure ficar com outras pessoas; geralmente é melhor do que ficar sozinho.



· Participe de atividades que possam fazer você se sentir melhor.



· Você deve tentar praticar exercícios leves, ir ao cinema, a jogos ou participar de atividaeds sociais ou religiosas.



· Não exagere ou se preocupe se o seu humor não melhorar logo. Isso às vezes pode demorar um pouco.



· Não tome grandes decisões, tais como mudar de emprego, casar-se ou divorciar-se sem consultar pessoas que o conheçam bem e que possam ter uma visão mais objetiva de sua situação. Resumindo, é aconselhável adiar decisões importantes até que sua depressão tenha desaparecido.



· Não espere que sua depressão passe de um momento para o outro, pois isso raramente ocorre. Ajude-se o quanto puder e não se culpe por não estar "cem por cento".



· Lembre-se: não aceite seus pensamentos negativos. Eles são parte da depressão e desaparecerão à medida que sua depressão responder ao tratamento.



A FAMÍLIA E OS AMIGOS PODEM AJUDAR

Como a depressão pode fazer com que você se sinta exausto e desamparado, você desejará e provalvemente necessitará de ajuda de outras pessoas. Entretanto, quem nunca sofreu um distúrbio depressivo pode não compreender completamente seus efeitos.



As pessoas não têm a intenção de magoá-lo, mas poderão dizer e fazer coisas que magoam. É interessante que as pessoas que lhe são mais próximas leiam este folheto para que possam compreendê-lo melhor e ajudá-lo.


AJUDANDO AO DEPRIMIDO


A coisa mais importante que alguém pode fazer por uma pessoa deprimida é ajudá-la a se submeter a um diagnóstico e a um tratamento adequados. É importante encorajá-la a continuar se tratando até que os sintomas desapareçam (após várias semanas), ou a procurar um tratamento diferente, se não ocorrer melhora. Às vezes, pode ser necessário marcar uma consulta e acompanhá-la até o médico, bem como verificar se ela está tomando a medicação corretamente.



A segunda coisa mais importante é oferecer-lhe apoio emocional. Isto envolve compreensão, paciência e encorajamento. Procure conversar com a pessoa deprimida e escute-a com atenção. Não menospreze os sentimentos expressos, porém chame a atenção para a realidade e ofereça esperança. Referências a suicídio são importantes. Devem sempre ser relatadas ao médico.



Convide a pessoa deprimida para caminhadas, passeios e outras atividades. Insista delicadamente se seu convite for recusado. Encoraje a participação em atividades que anteriormente lhe proporcionavam prazer, como passatempos, esportes, atividades culturais ou religiosas, porém não a force a assumir rapidamente muita responsabilidade de uma vez. O deprimido necessita de distração e companhia, porém cobrar demais dele pode piorar-lhe a sensação de fracasso.



Não acuse o deprimido de se fingir de doente ou de ser preguiçoso, nem espere que ele melhore de uma hora para a outra. Com o tempo e tratamento adequado, a maioria das pessoas com depressão melhora. Tenha isto em mente e procure reafirmar à pessoa deprimida que, com o tempo e ajuda, ela se sentirá melhor.



Texto original no folheto do Programa de Educação Sanitária da Sociedade Brasileira de Psiquiatria clínica.

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