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domingo, 24 de julho de 2011

Professores e alunos enfrentam rotina de ameaças e terror em escolas da PB


“Vivo num clima de tensão quando saio de casa para ir dar aula. Violência não é só a agressão física. A presença de estranhos fumando maconha dentro da escola, os alunos que intimidam o professor com um olhar atravessado, tudo isso é violência. Tem dias que eu choro quando penso que tenho que ir para a escola". O desabafo de uma professora que dá aula para alunos do Projovem numa escola pública do Bairro dos Novais, em João Pessoa, reflete a violência velada que permeia o ambiente escolar. O receio que sente de afrontar as ameaças sutis dos alunos e estranhos que habitam a escola é o mesmo que impede a docente de revelar sua identidade.



"Na sala dos professores, eu e outras colegas partilhamos experiências que vivemos em sala de aula. Na maioria das vezes são ameaças sutis, mas isso acontece quase todos os dias. Chega uma hora que cansa. Não desisti ainda em consideração aos alunos que lutam todos os dias e enfrentam os mesmos medos para estarem ali, estudando para ter uma vida melhor", conta a professora.



Nos últimos meses, pelo menos cinco ocorrências policiais foram registradas dentro de instituições de ensino paraibanas. Num destes episódios, o estudante Renato Torres de Oliveira, de 21 anos, foi assassinado por um colega de escola, José Hyarlley Lopes de Sousa, de 19 anos, com uma facada no peito. O crime aconteceu dia 21 de junho, na Escola Estadual Monsenhor Constatino Vieira, na cidade de Cajazeiras, no Alto Sertão paraibano.



O corpo docente das instituições é hoje um dos principais alvos da violência no ambiente escolar. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município (Sintem), Daniel de Assis, revela que são comuns na entidade as queixas de professores sobre a violência que presenciam, e das quais muitas vezes são vítimas, dentro das escolas. "As queixas são frequentes e tratam, na maioria das vezes, de violência verbal e ameaças contra professores e entre os próprios alunos. Não temos nenhum banco de dados com registro destas ocorrências, mas estamos nos mobilizando para cobrar do governo e município a adoção de medidas de segurança no ambiente escolar", contou Daniel.



Algumas das ocorrências registradas



16 de maio de 2011: Um pai de aluno invadiu a Escola Municipal Plácido de Almeida, no município de Cabedelo, região metropolitana de João Pessoa, acompanhado de um estranho e agrediu fisicamente um adolescente de 16 anos, que havia batido em seu filho durante uma aula no período da manhã. Alunos que testemunham o fato entraram em pânico e afirmaram que o pai teria entrado armado na escola, mas a direção garantiu que ninguém ficou ferido e a situação foi contornada logo em seguida.



9 de junho de 2011: Dois ex-alunos pularam o muro da Escola Municipal João Santa Cruz, no Bairro dos Novais, em João Pessoa, à procura de um aluno com quem teriam brigado no dia anterior. A dupla tentou agredir o estudante e o ameaçou de morte. Policiais militares foram acionados pela direção da escola e conseguiram evitar o crime.



14 de junho de 2011: Dois adolescentes armados invadiram mais uma escola em Cabedelo para tentar matar dois estudantes que assistiam aula na instituição. A dupla chegou a disparar alguns tiros dentro da escola, mas acabaram sendo apreendidos pela polícia. O fato aconteceu na Escola Estadual de Ensino Fundamental Imaculada Conceição, no Centro do município.



20 de junho de 2011: Um jovem armado invadiu a Escola Estadual Enéas Carvalho, em Santa Rita, procurando um aluno da instituição dentro das salas de aula. Irritado por não encontrar seu alvo, Eduardo Carvalho da Silva efetuar vários disparos dentro da escola.



21 de junho de 2011: O estudante Renato Torres de Oliveira, de 21 anos, foi assassinado com uma facada no peito dentro da Escola Estadual Monsenhor Constantino Vieira, no município de Cajazeiras. O autor do crime, José Hyarlley Lopes de Sousa, de 19 anos, estudava na mesma escola que a vítima

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