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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Uma safra que não deixará saudades


Coluna Fogo Cruzado – Folha de Pernambuco – 17 de janeiro


É improvável que tenha existido no Brasil uma safra de prefeitos com um percentual tão grande de maus gestores como a que terminou os seus mandatos no último dia 31. A imprensa e as redes sociais têm se encarregados de desmascará-los. Pois raro é o dia em que não vêm à tona os malfeitos deixados por eles para os seus sucessores. São veículos sucateados, postos de saúde sem remédios, escolas caindo aos pedaços, computadores destruídos, bens públicos roubados e servidores sem salário.

Credite-se em favor dessa gente uma conjuntura econômica desfavorável desde o ano de 2011. Que sacrificou as prefeituras com aumento do salário mínimo e do piso nacional dos professores acima do índice inflacionário, a queda do FMP devido à desoneração dos produtos da linha branca e da indústria automobilística, e o desaparecimento da receita da Cide pelo desejo do governo federal de manter a inflação sob controle. Mas isso não lhes dava o direito de destruir o patrimônio público.

Se o mal que fizeram nas prefeituras recaísse apenas sob suas cabeças, tudo bem. Mas eles zombaram dos próprios eleitores que lhes confiaram o poder há quatro anos. O resultado disso é que muitas cidades levarão pelo menos um ano para reorganizar suas finanças, especialmente as que estão inadimplentes com o governo federal e impedidas de receber recursos da União. Pior que tudo isto, no entanto, é saber que muitos deles estarão de volta em 2016, pois o povo tem memória curta.

O concurso – Dois desembargadores do Tribunal Regional Federal da 5ª região inscreveram-se no concurso para seleção de novos tabeliães. Os cartórios de registro de imóveis, de protesto e de notas são os mais cobiçados. Significa que o salário no TRF deve estar muito defasado.

O suspeito – O desembargador Roberto Moraes não participou da sessão do TRE que decidiria o futuro político do município de Água Preta. É que no passado ele advogou para o atual prefeito Eduardo Coutinho (PSB) e para seu filho, João Fernando, por isso declarou-se “suspeito”.

O rodízio – Por causa da posse dos novos prefeitos, o rodízio de médicos nos PSFs tem sido a regra no interior. Os prefeitos, com raras exceções, não querem trabalhar com médicos que não os apoiaram. Estão atrás de outros que nem sempre estão disponíveis no mercado. Quem sofre com isto é a população, que perde o profissional que acompanhava a saúde dos seus familiares.

A doação – Já está na Câmara de Petrolina o projeto de autoria do prefeito Júlio Lossio (PMDB) doando o patrimônio do Hospital de Traumas à Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). O prefeito, que também é médico, convenceu-se de que sob controle da Universidade o Hospital pode pleitear verbas nos Ministérios da Saúde e Educação, e não apenas no primeiro.

O teste – Menos de 20% dos candidatos que se inscreveram no último exame da OAB foram aprovados, donde se conclui que o nível do ensino jurídico em nosso país é baixo. Mas com os médicos não é diferente. Em SP, mais de 50% foram reprovados em um exame semelhante.

O gargalo – Turista de SC que visita o Nordeste saiu reclamando do “gargalo” que há no trecho da BR-101 que vai do Recife até Natal. Ele gastou 4 horas da capital pernambucana à capital potiguar, sendo que 50 minutos foram gastos para cruzar a cidade de Abreu e Lima (PE).

Boa escolha – Como substituto do ex-deputado Pedro Eurico (PSDB) na Comissão Estadual da Memória e da Verdade, o também ex-deputado José Áureo (PSB) tem uma enorme contribuição a dar. Ele foi impedido de estudar no Brasil durante o regime militar e casou-se com a advogada Hebe Silveira, filha do ex-prefeito do Recife, Pelópidas Silveira, deposto em abril de 64.

A marca – O prefeito de Belo Jardim, João Mendonça (PSD), já tem pronta a logomarca do seu governo, cujo principal destaque a bandeira do município. Mas só irá fixá-la nos prédios públicos após concluir o conserto de todos eles. Até lá, diz ele, fica a logomarca do ex-prefeito Marco Coca Cola (DEM).

O imortal – O prefeito Izaías Régis (PTB) pretende deixar a prefeitura de Garanhuns, daqui a quatro ou oito anos, dependendo das circunstâncias, com pelo menos uma obra que o deixaria imortalizado: a duplicação da rodovia 423 que liga o município a São Caetano. O fato de Lula ter nascido lá, ajuda.

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