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quinta-feira, 20 de abril de 2017


Foto: Marina Meireles

As 1.522 mortes registradas em Pernambuco entre os meses de janeiro e março de 2017 motivaram a realização de um ato em frente ao Palácio do Campo das Princesas, no Centro do Recife, na noite desta quarta (19). Depois de espalhar cruzes pretas pelo chão para lembrar as vítimas de homicídio no estado, manifestantes realizaram performances artísticas para protestar contra o posicionamento do governador Paulo Câmara, que classificou como 'desconfortável' o atual cenário de violência no estado durante entrevista a uma rádio local em fevereiro deste ano.

"Nosso objetivo é chamar a atenção do governador. Não são números, são pessoas. O problema é sério e está sendo tratado com banalidade. A situação nao é desconfortável, é dramática, e as soluções precisam ser elaboradas junto com a sociedade civil, e não a portas fechadas dentro de gabinetes", critica a advogada Liana Cirne, uma das organizadoras do evento.
Pais da fisioterapeuta Mirella Araújo, morta no flat em que morava, também participaram do ato (Foto: Marina Meireles/G1)
Os pais da fisioterapeuta Mirella Araújo, assassinada no flat em que morava no dia 5 de abril, também participaram do ato e, após duas semanas da morte da filha, refletem sobre outros casos semelhantes que não têm resolução. "A dor é muito grande. A gente sabe que muitos casos têm acontecido e ficado no esquecimento, mas quantos casos já aconteceram, continuam a acontecer e ficam no esconderijo?", questiona o pai da vítima.

Mesmo depois de 30 anos do assassinato da morte do pai, Evandro Cavalcante, a servidora pública Andréa Cavalcante compareceu ao ato por não se sentir à vontade com a situação da violência no estado. "A morte dele foi encomendada, não foi fruto de violência gratuita, foi há 30 anos, mas dói ao ponto de me fazer vir aqui para me solidarizar com todas as famílias vítimas de violência", comenta, ao lado da mãe, Jucilete Cavalcante.
Participantes do ato vestiram branco e espalharam cruzes pelo chão das proximidades do Palácio do Campo das Princesas (Foto: Marina Meireles/G1)
Durante o ato, os organizadores leram um manifesto em que citam a morte de Mirella Araújo e a de Edvaldo Alves, baleado durante um protesto contra a violência no município de Itambé, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. O documento foi recebido pelo chefe da Casa Civil, Marcelo Canuto. A manifestação contou ainda com performances teatrais e depoimentos de participantes que tiveram entes perdidos devido à violência.

Procurado pelo G1, o governo de Pernambuco informou que não iria se pronunciar sobre o protesto.

Do G1 Pernambuco

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