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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Historinha real: novo golpe dos presídios



Ontem estava de plantão e desci para comer no Zacks com o bloquinho, porque o governador Eduardo Campos ia me ligar. O telefone tocou mas não apareceu “Dudu Beleza”, como está salvo no meu celular. O prefixo era 62 (Goiânia). Como minha parentada mora lá, atendi e a voz do outro lado não era conhecida. A voz jovem se identificou como um parente, e dai seguiu-se um diálogo maluco. Disse que era um primo, Leandro. Eu tenho um primo, Leandro, mas a voz não batia. Mesmo assim eu dei corda.


Leandro: - Estou indo para Brasília, chego daqui a pouco

Eu: - Estou de plantão no jornal, mas me liga quando chegar, podemos marcar alguma coisa com o Gustavo.

Ele: - Ótimo, vamos nos ver, sim. Mas estou com um probleminha. Meu carro quebrou perto de Luziânia e os mecânicos não recebem cartão. Preciso que você me quebre um galho até eu chegar aí. Pode depositar R$540.00 numa conta que vou te passar?

Eu: - Porra, cara, eu aqui ralando de plantão e você querendo me dar um golpe? Rsrsrs ( havia me lembrado que tinha feito uma matéria com dois senadores que caíram nesse golpe há pouco tempo)

Ele: - Putz! É um golpe mesmo. Achei que tinha te pegado rsrsrs Mas você é jornalista, né? Como é seu nome? Que jornal você trabalha?

Eu: - Débora, trabalho no Correio Braziliense. Quantas ligações dessas você faz por dia?

Ele: - Faço uma média de 600 ligações. Tenho dois celulares, um para ligar e outro para receber. E dois cadernos para fazer as anotações. É muita informação na cabeça.

Eu: - Desses aí quantos caem no seu golpe?

Ele: - Uns 300 retornam, muitos me esculhambam e alguns fazem o depósito.

Eu: -Caramba! Não tem medo de ser preso não? (ao fundo ouvi outra voz aplicando o mesmo golpe em outra pessoa)

Ele: - Eu estou preso! Rsrsrs

Eu: - Jura? E como está falando no celular? Vamos fazer uma matéria, então, já que me ligou…

Ele: - Mulher, se você publicar uma matéria comigo me racha aqui dentro. Os celulares quem traz é a polícia…

Eu: -Vocês trabalham para a polícia, então?

Ele: -É ruim, heim? Trabalho para mim. Da polícia só compro os celulares. E pago caro. São dois por semana. Esse aqui que estou falando com você, vou gravar seu número e quebrar amanhã. Depois vou te ligar para contar de um senador que estava numa reunião muito importante no exterior e caiu no meu golpe. Eles roubam muito e só estou pegando um pouquinho de volta.

Eu: - Ok. Vou esperar você ligar e vou aí fazer uma matéria com você. Está na Papuda? Viu os mensaleiros ai?

Ele: - Não, é outro presídio em Goiás. Ok Débora, te ligo depois. Tchau
(Maria Lima é repórter do Globo-DF e fez este relato no Facebook)

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